Gisele Loeblein

Gisele Loeblein

Jornalista formada pela UFRGS, trabalha há 20 anos no Grupo RBS e, desde 2013, assina a coluna Campo e Lavoura, em Zero Hora. Faz também comentários diários na Rádio Gaúcha e na RBS TV.

Ovinocultura
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Por que o recuo do rebanho ovino do RS é diferente neste ano

Queda ao menor contingente é considerada um ponto de inflexão da atividade

Gisele Loeblein

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André Camozzato / Arquivo Pessoal
No total, o Rio Grande do Sul concentra 2,97 milhões de ovinos

A produção de ovinos do Rio Grande do Sul fechará este ano com um contingente de 2,97 milhões de ovinos, o menor da história, aponta dado apresentado pela comissão da atividade da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Mas o recuo em 2021 é classificado como diferente do registrado nos últimos anos. Por dois motivos: primeiro, porque a redução desacelerou na comparação com 2020 (são 4,38 mil animais). Segundo, porque a retenção de matrizes, fêmeas com mais de 12 meses de idade, indica aposta na produção, visto que podem gerar novos exemplares.

- Atingimos esse ponto de inflexão do rebanho. Para 2022, a expectativa é de que tenha acréscimo - avalia André Camozzato, produtor e coordenador da Comissão de Ovinos da Farsul.

Ney Luzardo Ulrich Neto, produtor e médico veterinário, que compilou as informações sobre a atividade no Estado apresentadas à comissão, compara o momento atual com o do quadro de um paciente:

- Há uma estabilização da queda que vinha de forma contínua. A partir dessa estabilidade, pode-se pensar em medidas para a retomada. O saldo é um indicativo importante porque a partir dele se trabalham os índices.

E a palavra-chave, afirmam, está na eficiência: produtiva, sanitária, de gestão. Para que a ovinocultura, voltada hoje à produção de carne, seja viável.

- Não adianta ampliar o número para continuar produzindo com os mesmos índices - pondera Camozzato.

Ulrich Neto reforça:

- É preciso fazer os ajustes onde são necessários.

Presente em 494 dos 497 municípios gaúchos, a produção gaúcha de ovinos soma 45,6 mil propriedades, com média de 65 animais em cada. O coordenador da Comissão de Ovinos da Farsul pondera que, como o número de animais não é elevado, na média, um dos desafios é fechar uma carga para envio ao frigorífico ou para a finalização da engorda em outro local. E a alternativa pode estar na venda integrada de produtores.

Em relação ao mercado, a expectativa é de recuperação, depois de um 2020 em que a pandemia teve impacto negativo sobre os preços. As cotações do quilo do cordeiro costumam ser entre 20% e 30% superiores às do quilo bovino, mas recuaram - a produção é destinada ao consumo interno, e Nordeste, Sudeste e Sul são os principais polos da proteína.

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