A produção de ovinos do Rio Grande do Sul fechará este ano com um contingente de 2,97 milhões de ovinos, o menor da história, aponta dado apresentado pela comissão da atividade da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Mas o recuo em 2021 é classificado como diferente do registrado nos últimos anos. Por dois motivos: primeiro, porque a redução desacelerou na comparação com 2020 (são 4,38 mil animais). Segundo, porque a retenção de matrizes, fêmeas com mais de 12 meses de idade, indica aposta na produção, visto que podem gerar novos exemplares.
- Atingimos esse ponto de inflexão do rebanho. Para 2022, a expectativa é de que tenha acréscimo - avalia André Camozzato, produtor e coordenador da Comissão de Ovinos da Farsul.
Ney Luzardo Ulrich Neto, produtor e médico veterinário, que compilou as informações sobre a atividade no Estado apresentadas à comissão, compara o momento atual com o do quadro de um paciente:
- Há uma estabilização da queda que vinha de forma contínua. A partir dessa estabilidade, pode-se pensar em medidas para a retomada. O saldo é um indicativo importante porque a partir dele se trabalham os índices.
E a palavra-chave, afirmam, está na eficiência: produtiva, sanitária, de gestão. Para que a ovinocultura, voltada hoje à produção de carne, seja viável.
- Não adianta ampliar o número para continuar produzindo com os mesmos índices - pondera Camozzato.
Ulrich Neto reforça:
- É preciso fazer os ajustes onde são necessários.
Presente em 494 dos 497 municípios gaúchos, a produção gaúcha de ovinos soma 45,6 mil propriedades, com média de 65 animais em cada. O coordenador da Comissão de Ovinos da Farsul pondera que, como o número de animais não é elevado, na média, um dos desafios é fechar uma carga para envio ao frigorífico ou para a finalização da engorda em outro local. E a alternativa pode estar na venda integrada de produtores.
Em relação ao mercado, a expectativa é de recuperação, depois de um 2020 em que a pandemia teve impacto negativo sobre os preços. As cotações do quilo do cordeiro costumam ser entre 20% e 30% superiores às do quilo bovino, mas recuaram - a produção é destinada ao consumo interno, e Nordeste, Sudeste e Sul são os principais polos da proteína.