Nas muitas variáveis que precisam ser colocadas na balança para costurar o pacote de financiamentos rurais, o Plano Safra, há as que são matemáticas, mas também as que refletem a conjuntura. Hoje à tarde, o governo federal apresenta valores e condições para o crédito a ser disponibilizado, a partir de sexta-feira, para o ciclo 2022/2023. Será o momento de detalhar a resposta à equação demandas versus recursos.
Entre os pedidos recorrentes apresentados pelo setor agropecuário três ganham destaque. O primeiro, ter mais recursos do que no pacote atual, quando foram contratados mais do que os R$ 251,2 bilhões programados. Uma reivindicação que faz todo o sentido à medida que produzir ficou mais caro. Como mostra o levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o custo cresceu 44,67% em 12 meses. Logo, é preciso aumentar o tamanho do cobertor.
Diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi pontuou, em análise em vídeo, que esse precisa ser um Plano Safra “robusto” para que o agricultor possa continuar produzindo, garantindo assim a segurança alimentar do Brasil, bem como dar a sua contribuição global.
Há especulações de que o pacote ficaria em torno de R$ 333 bilhões. Lucchi completa que a taxa de juro a ser aplicada nos financiamentos é algo de fundamental importância.
O pedido recorrente das entidades, a CNA inclusa, é de que sejam inferiores a dois dígitos. “Principalmente para favorecer pequenos e médios produtores”, observa.
Posição endossada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag). Vice-presidente, Eugênio Zanetti afirma que o “Plano Safra precisa ser condizente com a realidade”. Ou seja, que permita ao produtor honrar seus compromissos o que passa pelo juro das operações. Que, por sua vez, está relacionado à Selic (taxa básica).
Outro item importante é o seguro rural — ferramenta que hoje será analisado em encontro da Farsul.
A solicitação da CNA é de R$ 2 bilhões para a subvenção. A participação inclusive do presidente Jair Bolsonaro no anúncio, pode ser um indicativo de boas notícias. Afinal, o segmento tem sido um grande apoiador de Bolsonaro, que busca a reeleição.