Ao mesmo tempo que as instituições financeiras fazem a operação para retomada do Plano Safra vigente, o setor produtivo mira o futuro, com a apresentação das demandas para o próximo pacote — para cobrir o período 2022-2023.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou ontem o conjunto de 10 propostas para a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e para o Ministério da Agricultura. Diante da conjuntura atual, há três pontos considerados essenciais.
Está nessa relação o juro. Mantê-lo em um dígito é um anseio generalizado, mas provavelmente o mais difícil de ser concretizado. A Selic, taxa básica, vem subindo e está em dois dígitos. E a diferença entre um e outro implica sobre o montante a ser aportado pela União para a equalização.
— Esse é um desafio, mas dentro do governo se trabalha com essa possibilidade (de taxa de um dígito). O último boletim Focus aponta uma inflação em torno de 6%, e é em cima disso que vamos olhar as taxas de juro real. Pela questão orçamentária, trabalhar com taxas negativas é um problema, porque acaba havendo um esgotamento rápido de recursos — pontuou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos, ao receber o documento com as propostas.
A estimativa da CNA é de que sejam necessários R$ 22 bilhões para a equalização de juro no próximo Plano Safra. Essa quantia viabilizaria o reajuste no valor a ser disponibilizado no pacote em meio à alta de custos, à inflação e ao avanço das taxas.
Outro ponto defendido é o valor para a subvenção do seguro rural. A meta é de que sejam R$ 2 bilhões. O presidente da entidade, João Martins, lembrou que o prejuízo do governo com a seca que atingiu Estados como o Rio Grande do Sul seria bem superior a essa quantia não fosse pelas lavouras protegidas pelo mecanismo:
— O seguro safra é uma ação bem-sucedida, todos os países evoluídos do mundo têm. Já que temos agricultura de primeiro mundo, por que não termos também um instrumento de primeiro mundo?
Há ainda a sugestão para ampliação dos percentuais que compõem o funding dos recursos destinados ao crédito rural. A proposta é de que passem de 25% para 30% no caso de depósitos à vista, de 59% para 64% na poupança rural e de 35% para 50% nas letras de crédito do agronegócio (as LCAs).