A sanção presidencial da lei 14.336, publicada na quinta-feira (12) no Diário Oficial, abre o caminho para a retomada do atual Plano Safra, suspenso desde fevereiro. Ainda é necessário, no entanto, organizar a parte operacional para que novas contratações possam ser efetivadas. E esse processo ainda deve demorar alguns dias. Há uma grande expectativa com relação a essa reabertura das linhas, sobretudo no Rio Grande do Sul. Produtores afetados pela estiagem no verão vão buscar no inverno a chance de resgatar parte da rentabilidade perdida.
E é aí que entra o crédito rural. Com prejuízos causados pelo clima e custos inflacionados, o apoio financeiro é fundamental.
— É a nossa esperança de destravar os financiamentos. O produtor está querendo a retomada. Vão plantar trigo daqui alguns dias e não ter nada de crédito de custeio é muito ruim — pondera Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS).
O custeio é justamente o dinheiro para a compra de insumos e preparação da lavoura. Em razão disso, há a avaliação de que os R$ 868 milhões adicionados pela legislação sancionada demoraram para sair. Foram dois meses entre o anúncio, na Expodireto, e a sanção.
— A sanção do projeto de lei é boa, mas vem bastante atrasada — pondera Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS).
Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, pondera que o recurso de custeio “chegou tarde para o produtor de trigo”. E lembra que nas linhas de investimento há demanda represada desde a Expodireto.
Outro ponto que depende de novos adicionais ao orçamento da União é a renegociação dos vencimentos de produtores com perdas. O pedido foi reforçado em documento entregue ao presidente Jair Bolsonaro.
— Isso ainda está pendente. Mas é um começo, uma parte importante do processo (a sanção) e segue a esperança, mesmo com o aumento das taxas, de brigar por juro na faixa de um dígito no próximo Plano Safra — acrescenta Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Fedararroz-RS).
O senador Luis Carlos Heinze diz que esse é o próximo passo:
— Tudo é uma questão orçamentária. No caso dos R$ 600 milhões (para a renegociação) não só de 2022, mas dos próximos anos.