A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A entrada oficial do inverno também dá a largada para um costume típico da estação: lagartear no sol descascando uma boa bergamota. E este ano, os apreciadores do hábito terão frutas ainda mais saborosas para degustar. Enquanto para os grãos a estiagem resultou em uma quebra de safra, para os citros, a falta de chuva tem influência direta na doçura das frutas.
Por isso, a expectativa é de que a colheita de citricultura em 2022 seja superior ao ano passado em termos de qualidade no Rio Grande do Sul. A estiagem deve mostrar efeito negativo apenas no tamanho das frutas.
— A qualidade está muito boa e o que ajudou, também, foi que o frio entrou mais cedo, já no início de maio. Com isso, a coloração das frutas está bem intensa e houve maior transformação da acidez em açúcar — explica Paulo Lipp, coordenador das câmaras setoriais da secretaria da Agricultura.
— Em termos de sabor, está uma das melhores safras — garante Rodrigo Gossler, presidente da Associação dos Citricultores de São Sebastião do Caí (Caicitros).
O produtor diz que as plantas sofreram na época em que precisavam de água para encher o fruto, nos meses de janeiro e fevereiro. Por isso, perderam no tamanho, mas ganharam em qualidade, porque em ano de estiagem os frutos sempre ficam mais doces. Em sua propriedade familiar de 23 hectares, Gossler espera colher mais de 10 mil caixas de frutas este ano.
O Vale do Caí é o principal produtor de bergamota do Rio Grande do Sul. Mas os pomares da região também dão safras fartas de laranja e de limão, respondendo a uma produção que tem se diversificado nos últimos anos.
No município de Sebastião do Caí, a expectativa é de que sejam colhidos 21, 6 milhões de quilos de citros. Somente para a bergamota, são esperados 12 milhões de quilos. Além do consumo pelos gaúchos, há variedades da fruta que migram para outros estados como São Paulo e Paraná.
Em todo o Rio Grande do Sul, a estimativa é de que a safra de citros em andamento some 320 mil toneladas de laranja, 189 mil toneladas de bergamota e 13 mil toneladas de limão até o final da colheita.
Os citricultores gaúchos estão concentrados em quatro regiões: no Vale do Caí, a mais antiga na cultura e especializada em citros de mesa; no Alto Uruguai, onde há a maior produção de laranjas para suco no Estado; na Serra, conhecida pelas variedades tardias; e na Fronteira-Oeste, especializada na produção de citros sem sementes.