Não foram só os grandes lançamentos que voltaram à vitrine do grande público com a retomada presencial da Agrishow. No cenário atual, com crédito oficial suspenso e mais caro — por conta da elevação da taxa Selic —, alternativas para os investimentos em novas tecnologias voltam a ficar em evidência. Como os consórcios.
Nesse caso, há ainda um fator influenciando a procura. A demora entre a compra e a entrega dos produtos tem obrigado o produtor a se planejar, e é aí que essa ferramenta se torna atrativa.
— O consórcio será sempre mais barato do que o financiamento, e é uma maneira de se programar para comprar o mesmo bem por menos juro. A gente quer aproveitar o momento para disseminar a cultura — afirmou Carlos Aguiar, diretor de agronegócios do Santander.
A instituição bancária, que vem centrando esforços na carteira do agro, ampliou a cifra destinada ao setor de R$ 6 bilhões em 2020 para R$ 30 bilhões. Para essa edição da feira de Ribeirão Preto, chega com meta de captar R$ 1 bilhão, frente a R$ 600 milhões na edição de 2019. Outros R$ 300 milhões estão destinados para os consórcios.
— Consórcio é fundamental quando não tem equipamento para comprar. Até porque não dá para financiar o que não existe — completou Aguiar.
Otimista para negócios neste ano, apesar do impacto, no curto prazo, da restrição de crédito oficial, a fabricante Massey Ferguson tem no consórcio uma fatia de 20% das vendas anuais.
— A marca trabalha há 40 anos com o consórcio, que tem peso representativo. E temos também banco próprio — explica Eduardo Nunes, diretor de marketing da marca.
Alexandre Stucchi, diretor comercial da Massey Ferguson, reforça que o crédito do Plano Safra é muito importante sobretudo para produtores de pequenas propriedades.
— O mercado de máquinas de média e alta potência segue muito forte e depende menos desse crédito — acrescenta Nunes.