À medida que o tempo avança, e as perdas decorrentes da estiagem se ampliam, cresce também a apreensão de produtores – e suas famílias – afetados pelo problema. Com 404 municípios do Rio Grande do Sul com decreto de emergência, o impacto é abrangente. Nesta quarta-feira (16), entidades ligadas à agricultura familiar têm mobilizações organizadas, com o objetivo de chamar a atenção na demora a resposta de solicitações urgentes encaminhadas ao poder público. Em Ijuí, no Noroeste, são esperados até 5 mil produtores para a 10ª edição do Grito de Alerta. A mobilização anual organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetag-RS), focará na temática da estiagem.
— Até agora, não temos resposta nenhuma de Brasília. A ministra da Agricultura tem a vontade, mas quem tem a chave do cofre é a (pasta da) Economia — pondera Carlos Joel da Silva, presidente da entidade.
Entre os itens considerados urgentes estão a prorrogação dos vencimentos de financiamentos e um auxílio emergencial no caso de famílias mais carentes – algo semelhante a um bolsa-estiagem, como já feito no passado.
Pautas que também entram na lista de reivindicações da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul), que fará uma mobilização na Capital, com a participação de outras entidades ligadas ao segmento. A expectativa é de até 1,4 mil presentes no ato. Douglas Cenci, coordenador da Fetraf-Sul, pontua que “todas as tentativas de negociação foram frustradas”. E acrescenta que a produção para auto consumo é a primeira a ser afetada pela falta de chuva:
— As hortaliças têm um ciclo de 40, 60 dias, e há regiões há cinco meses sem chuva significativa.
Ontem, a estiagem também foi tema de encontro na Famurs. O presidente da federação, prefeito de São Borja Eduardo Bonotto diz que, do ponto de vista técnico, a proposta foi reunir entidades e unificar demandas:
— O principal desafio é a questão do orçamento federal.
E é um obstáculo dos grandes, porque faltam recursos até para despesas programadas, como o Plano Safra vigente. A elevação do juro exigiu mais dinheiro para a subvenção do crédito e levou à suspensão as linhas neste mês.
Na busca por uma equação viável de complemento ao orçamento, entidades de RS, SC, PR e MS, todos afetados pela estiagem, reúnem-se de forma simultânea no dia 24. No Estado, a bancada gaúcha e representantes da União foram chamados a participar.
— É a junção do conhecimento técnico com a força política. O assunto é muito sério e a estiagem, muito grave — pontua Elmar Konrad, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Além da entidade, estarão no encontro Fetag-RS, Fecoagro-RS, Federarroz-RS e Aprosoja-RS.