Dizer que o Ministério da Agricultura está ganhando reforço animal na equipe não é força de expressão. Mais do que isso, a pasta acaba de anunciar a construção de um complexo de treinamento de cães, em uma área de 17 mil metros quadrados, em Brasília, para que possa ampliar a atuação deles junto ao Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) nos aeroportos.
Hoje, o trabalho de preparação do time de cães detectores de odores é feito em quatro boxes do aeroporto da Capital Federal. Eles deixam mais rápida e acurada a ação de vistoriar bagagens na busca por produtos de origem animal, que não são permitidos.
— Com o novo espaço, obviamente conseguiremos aumentar a capacidade de treinamento e reciclagem — reforça Romero Teixeira, auditor fiscal federal agropecuário e coordenador do Centro Nacional dos Cães de Detecção (CeNCD).
Quando pronto, o espaço poderá abrigar até quase 40 animais. Hoje, o time que trabalha para a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério conta com cinco integrantes (veja abaixo). Mais 10 cães de serviço serão doados, sendo que desses três pastores alemães já foram selecionados.
A capacitação dos caninos leva, em média, de três a seis meses, podendo chegar a até nove meses. Período que não contempla a formação dos operadores desses animais — e que formarão a equipe K9, como é chamado o conjunto —, explica Teixeira, que é médico veterinário.
Em relação aos cães utilizados, o coordenador do centro explica que, "mais importante do que a raça em si são as características intrínsecas do indivíduo". O reforço de quatro patas nas equipes do ministério vem sendo feito em razão do custo-benefício que trazem à vigilância — podem ser usados em aeroportos, portos e fronteiras. Eles agilizam a tarefa de inspeção para evitar a entrada de pragas e doenças no país que podem estar em alimentos, como mel, frutas, certos tipos de queijo, bacalhau, além de sementes e outros produtos de entrada proibida o controlada. Enquanto as ferramentas tradicionais levam de cinco a 10 minutos por passageiro, o cão farejador leva de cinco a 15 segundos.
— Você utiliza um animal treinado para alta sensibilidade. Isso otimiza o uso do raio X, que pode dar falso negativo, e o tempo de desembaraço — acrescenta Teixeira.
Com a construção do complexo, será possível treinar 11 cães em um mesmo ciclo. Uma primeira etapa, a construção de um canil de observação, com oito baias, deve ser licitada ainda neste ano. O conjunto todo (oito prédios com estrutura para ensino e treinamento dos animais, além de canis, laboratório de faro, depósito e área administrativa) tem previsão de inauguração para 2023.
O plantel K9 do ministério
- Thor: foi o primeiro a atuar no Vigiagro, o sistema de vigilância agropecuária internacional. Lotado no Paraná, é usado, além da fiscalização no aeroporto, no centro de triagens dos Correios. Foi o faro dele que ajudou a localizar, por exemplo, os misteriosos envelopes com sementes enviados da China;
- Léo: o labrador retriever de cor chocolate está na ativa no aeroporto de Brasília ( sua entrada em serviço foi em 2016). Completa sete anos de vida neste sábado (09). Também acompanha operações itinerantes;
- Vamp, Frida e Meg: as três cadelas estão treinadas, prontas para serem distribuídas conforme a determinação da Secretaria de Defesa Agropecuária.Vamp é da raça pastor belga malinois, tem três anos e entrou para o time (em treinamento) em janeiro de 2019. Um mês depois, chegou a Frida, também belga malinois, com três anos. Meg é uma golden retriever com quatro anos de idade, "admitida" em março de 2019.