Parece uma repetição dos relatos que vêm sendo feitos há pelo menos quatro anos no Estado. Mas não é. Somente no último final de semana produtores de cinco municípios (Canguçu, Dom Pedrito, Encruzilhada, Rosário do Sul e São Gabriel) se depararam com a mortandade de abelhas em seus apiários. Coordenador da Câmara Setorial de Apicultura e presidente da Cooapampa, Aldo Machado dos Santos estima que a quantidade perdida possa chegar a 10 milhões. Ele próprio foi um dos afetados pelo problema.
Em uma das áreas onde tem produção de mel, contabiliza cem colmeias afetadas. Santos realizou coleta das amostras, procedimento que é a orientação. Novamente, a suspeita recai sobre o inseticida fipronil, aplicado em lavouras. Desde 2018, casos semelhantes vêm sendo registrados no Rio Grande do Sul, com laudos apontando a presença desse e de outros agrotóxicos.
Até setembro, a Secretaria da Agricultura contabilizava 24 ocorrências de mortandade de abelhas. Dessas, 19 tiveram amostras enviadas para análise laboratorial. E 11 deram positivo para a presença do fipronil. Nas outras cinco coletas, não foi possível encaminhar para exame porque a ferramenta que viabilizava isso chegou ao fim em julho. Era um acordo judicial firmado pelo Ministério Público do Estado. Agora, o órgão debate com a Agricultura, a indústria e a Federação da Agricultura do Estado novas formas de custeio das análises laboratoriais.
Coordenador de sanidade apícola da Secretaria de Agricultura, Gustavo Diehl reforça que é importante seguir acionando os técnicos no Interior, que têm a recomendação de fazer a coleta. A amostra é armazenada para posterior avaliação:
– O apicultor deve continuar procurando a secretaria, até para que se consiga determinar a causa da morte e para ver se não existe uma doença.
No ano passado, até setembro, 42 amostras haviam sido contabilizadas. Dessas, 37 deram positivo a presença de químicos, dos quais apenas em uma não era o fipronil. Santos, que também é coordenador da comissão de apicultura da Farsul e da Comissão Técnica da atividade na Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), observa que, desanimados, muitos produtores têm desistido de registrar a ocorrência.
O problema no caso desse inseticida está quando é feita a aplicação foliar, quando o recomendado é o uso para tratamento da semente.