A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Mais uma linha de crédito rural operada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi suspensa devido à alta demanda na largada da safra 2021/2022. Agora, estão suspensos os pedidos de financiamento do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), que é a linha destinada às cooperativas agroindustriais.
O volume de recursos para o Prodecoop no Plano Safra atual era de R$ 1,08 bilhão.
A medida foi anunciada por meio de circular do BNDES, e ocorre 10 dias depois da suspensão no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), também devido à alta demanda. Os recursos do banco para armazenagem se esgotaram em menos de um mês de vigência do Plano Safra atual.
Em nota, o BNDES diz que "permanece disponibilizando recursos aos produtores rurais e suas cooperativas por meio de outras linhas de crédito".
O anúncio foi lamentado, mas não surpreendeu o setor. O presidente do Sistema Ocergs Sescoop/RS, Virgílio Perius, diz que a suspensão era previsível "porque a coberta já era curta".
— O Plano Safra, quando foi apresentado, teve um corte fundamental tanto para o produtor quanto para a industrialização. O gargalo se deu quando se fixou o programa, porque o valor já veio muito menor — disse Perius.
O dirigente pontua que o cooperativismo cresceu muito no último ano e que a alta demanda por crédito não deixa de ser uma boa notícia, já que indica vontade de crescer e de investir mais. Mas acredita que será necessário "um rearranjo", e por isso a pauta terá de ser trabalhada a nível nacional. No caso do Rio Grande do Sul, ele avalia que uma saída é batalhar por recursos via Fundopem junto ao governo do Estado para investimento em novas plantas agroindustriais.
O Plano Safra foi lançado no fim de junho, e no primeiro mês já bateu recorde de contratações. A cifra chegou a R$ 27 bilhões em julho, aumento de 16% em relação à safra passada, segundo o Ministério da Agricultura. Os produtores do Pronaf, que é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, foram os que mais contrataram no período.