Com a publicação no Diário Oficial da União, o governo deu o aval para que empresas fabricantes de vacinas veterinárias possam se somar à produção de doses contra a covid-19. A autorização é o primeiro – e importante – passo para que isso possa ocorrer, mas não é sinônimo de reforço instantâneo. Afora a decisão de querer ou não aderir, que cabe a cada uma das marcas com plantas para elaboração de imunizantes, há um caminho a ser percorrido.
A proposta, que partiu do Legislativo (do senador Wellington Fagundes) e foi agora sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, é bem recebida pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan).
Em nota, a entidade entende a medida como “um reconhecimento à capacidade produtiva do setor e à segurança das plantas” instaladas no país. Mas faz a ressalva de que, neste momento, a possibilidade depende “do interesse de alguma empresa detentora dessas tecnologias em produzir as vacinas localmente”. No caso de a interessada ser uma companhia cujo produto ainda não tem registro no Brasil, é preciso submetê-lo à avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), processo que pode se estender por meses.
No Brasil, três companhias têm estruturas ativas para fabricação de vacinas de uso veterinário. A quantidade de doses de proteção contra o coronavírus que seria possível produzir nesses espaços ainda não pode ser estimada. Dependeria do interesse e do espaço dado a essa finalidade.
Anualmente, processam 400 milhões de doses de imunizantes contra a febre aftosa, feita com o vírus inativo e dosagem de 2 ml.
No comunicado do Sindan, o vice-presidente-executivo da entidade Emilio Salani lembra que “as vacinas serão necessárias por muito tempo”. E que a produção do ciclo completo no Brasil seria “de extrema importância para garantir a autossuficiência na fabricação e uma vacinação em massa da população nos próximos anos”.
O texto sancionado prevê ainda que as fases da produção de imunizantes para pessoas tenham de ser em dependências fisicamente separadas das de uso veterinário.
Também defensor da autorização, tratada em reunião com ministérios, o senador Luis Carlos Heinze reforçou que é preciso “aproveitar a excelência desses profissionais e laboratórios”.