À primeira vista, pode parecer estranho que, no mesmo ano em que registrou resultado mensal histórico, o porto de Rio Grande deva fechar com recuo no volume movimentado. As duas marcas, no entanto, são possíveis e têm parte da explicação no resultado da colheita gaúcha na safra do verão passado. Encolhida em 40% pelo tempo seco, a produção de soja também ficou limitada na hora dos embarques. A projeção é de que o complexo da oleaginosa tenha recuo entre 7% e 9% na quantidade exportada. Por outro lado, os preços valorizados sinalizam faturamento em torno de 20% maior, compensando a redução em volume, avalia o superintendente Fernando Estima.
— O menor volume é reflexo da safra passada reduzida e do próprio estoque. As vendas da soja ficaram concentradas no segundo trimestre, ali se bateram recordes — completa Estima.
Do total de soja em grão exportado, mais da metade foi entre os meses de abril e junho, sendo o ápice em maio, com 1,77 milhão de toneladas. Isso ajudou o porto a registrar em em maio e, depois, em junho, a melhor movimentação para um mês na história. Mas não deve impedir que se encerre 2020 com diminuição da quantidade embarcada. No acumulado até novembro, as 35,41 milhões de toneladas representavam -7,24% em relação a igual período de 2019.
No mesmo intervalo, três dos cinco produtos de destaque, apresentaram redução de volume. A queda de 25,59% nos embarques de soja em grão evidenciam aquilo que deixou de ser colhido nas lavouras gaúchas, em razão da quebra ocasionada pela estiagem. Por outro lado, o arroz tem no ano de 2020 um resultado expressivo: até novembro, foram 2,28 milhões de toneladas, alta de 34,29% sobre o acumulado no ano anterior.
— O arroz teve resultado positivo em tonelagem e em valor — ressalta o superintendente.
A variação cambial foi um ingrediente muito relevante nos negócios externos. A desvalorização do real frente ao dólar tornou os produtos agropecuários mais competitivos no mercado global, fazendo o Brasil ganhar a preferência na hora da venda. Por outro lado, internamente, alimentou cotações históricas em reais, tanto na soja, quanto no milho e no arroz.