Na primeira leva de análises para verificação de suspeitas deriva no Estado, metade das 18 amostras tiveram resultado positivo para a presença de herbicidas hormonais. Os dados, divulgados ontem pela Secretaria da Agricultura, são os primeiros da atual safra – no total, foram 64 coletas em 61 propriedades no período de 1º de agosto a 5 de novembro. Na sexta-feira (13), novos laudos devem ser recebidos.
Uma avaliação consolidada só virá mais à frente. Por ora, as evidências revelam que a deriva persiste. É a terceira safra com a confirmação de resíduos. Aplicado em lavouras de soja para o combate da buva, o herbicida 2,4-D tem “viajado” até outras culturas, ocasionando perdas e prejuízos. Nesse primeiro lote, o resíduo foi verificado em uva, ameixa, oliveira e tabaco.
No total, fora 66 denúncias encaminhadas à secretaria no período alta de 83% em relação a igual período de 2019 – se considerado qualquer tipo de agrotóxico. Nos caso específico de herbicidas hormonais, são 39 denúncias, ante 34 no ano passado. Nas de agora, há sintomas visuais (como folhas retorcidas, por exemplo), observa Rafael Friedrich de Lima, chefe da Divisão de Insumos Agropecuários da secretaria. Mas a confirmação depende da análise.
Para o presidente da Associação de Produtores de Vinhos Finos da Campanha, Valter Pötter, o assunto é “complexo e grave”:
– Existem normas e leis que não são cumpridas, e o prejuízo fica para o fruticultor. Desde o início, dizíamos que é incontrolável.
Dirigente da Farsul, Domingos Velho entende que houve avanços em relação ao tema, com a criação de canais que facilitam e tornam eficazes as denúncias. Os cursos tiveram de ser suspensos na pandemia, mas já foram retomados:
– O processo de educação é de médio e longo prazos. É um exercício de repetição.
O promotor Alexandre Saltz também vê evolução em relação ao problema. Na safra passada, foram 600 autos de infração por descumprimento das instruções normativas, encaminhados às promotorias para audiências.