Está no Rio Grande do Sul a principal base de usuários de plataforma voltada ao agronegócio, que reúne venda de insumos, trocas em programa de fidelidade e venda de commodities. Na esteira da digitalização do campo, acelerada pela pandemia, a Orbia tem no produtor gaúcho um importante aliado: são 24% dos 170 mil cadastros no portal que representam 70% da área cultivada no país. Mais do que olhar, estão fazendo negócios. Em campanha realizada em junho, o Estado respondeu por 60% dos R$ 15 milhões faturados em três dias.
— Mostra que os produtores do Rio Grande do Sul são os que primeiro adotam tecnologia — avalia Ivan Monteiro, CEO da Orbia.
Puxada pelas novas gerações que são "nativas digitais" e chegam ao comando das propriedades, a era dos negócios virtuais estava em curso e ganhou escala com a chegada do coronavírus. Os números da Orbia comprovam que o campo está mudando o jeito de fazer compras. Na segunda campanha de vendas, realizada em agosto, ou seja, dois meses depois da primeira, a receita pulou para R$ 140 milhões, com ampliação do perfil de clientes.
— As pessoas se deram conta de que deveriam fazer negócio de outra maneira. É um momento parecido com o feito pelo varejo anos atrás. Hoje, ninguém mais pensa em sair de casa para comprar uma televisão — compara Monteiro.
Prestes a completar o primeiro ano, em novembro, a Orbia — que se originou da Rede Agroservices, da Bayer — tem cinco vezes mais distribuidores e fechou parcerias com marcas como Sicredi e Bunge. Com a cooperativa de crédito, tem duas iniciativas. Uma é para o programa de fidelidade, com gastos no cartão sendo revertidos em pontos para a troca na plataforma, incluindo serviços de agricultura de precisão e imagens. A outra, um projeto-piloto com seis cooperativas, três delas no Rio Grande do Sul, permite utilizar crédito rural para as compras.
Com a Bunge, coloca-se em campo no marketplace a comercialização de commodities, com a possibilidade de fazer barter de maneira digital. A estimativa da empresa é de que, em cinco anos, seja possível converter entre 5% e 25% do mercado.
— Hoje, dos players que trabalham conosco, de 3% a 4% das vendas já são feitas via plataforma — acrescenta o CEO.