Se o tempo não colaborar, o chimarrão ficará ainda mais amargo para os consumidores do Rio Grande do Sul. É que a falta de chuva poderá provocar nova quebra de safra na produção de erva-mate, intensificando um cenário que já é de oferta menor e preços valorizados. Ao longo do ano, a indústria vem arcando com uma alta de 40% na matéria-prima. No produto final, o aumento em 2020 chega a 12,35% na região metropolitana de Porto Alegre, segundo o IPCA.
— Conseguiu se passar uma parcela pequena (da alta nos custos). Se continuar esse cenário de tempo seco, teremos escassez e aumento de preço ao consumidor, entre 30% e 40% — avalia Alberto Tomelero, presidente do Instituto Brasileiro de Erva-Mate (Ibramate), também produtor e dono de indústria.
Presidente do Sindicato da Indústria do Mate (Sindimate), Álvaro Pompermayer explica que a colheita a ser feita até o final do ano está garantida. Entretanto, se a falta de chuva persistir em janeiro, compromete a brotação e o volume para 2021, podendo resultar no segundo ano seguido de quebra. Em 2020, foi o que aconteceu. A estiagem do último verão reduziu a oferta da matéria-prima em todos os Estados produtores (RS,SC,PR e MT, na fronteira com o Paraguai).
Outros fatores deixaram a erva-mate ainda mais rara e cara. Como, por exemplo, o avanço no consumo em meio à pandemia, estimado entre 15% e 20%. Mais em casa e com a orientação de tomar chimarrão em cuias separadas, as pessoas acabaram comprando mais erva. Soma-se a isso a seca que atingiu a vizinha Argentina, fazendo o país vizinho buscar no Brasil o produto — cerca de 10 mil toneladas. E, para completar, outros componentes necessários para a indústria subiram de preço.
— Tudo que é parte de um quilo de erva-mate ficou mais caro — reforça o presidente do Sindimate.
O Rio Grande do Sul é o maior consumidor e segundo maior produtor de erva-mate. Neste ano, em razão da estiagem, a estimativa é de que haverá redução de cerca de 30% do volume.
— Essa chuva de agora vai paziguar a situação por uma semana — projeta Tomelero.