A pandemia do novo coronavírus reforçou uma prática que já vinha ganhando espaço nas cidades: o cultivo de hortas em casa ou apartamento. Com o distanciamento social, o tempo de permanência em casa aumentou. E a atividade, além de permitir o cultivo do próprio alimento, ajuda a ocupar o tempo.
— Muita gente foi demitida, está sem emprego e precisa de uma alternativa de alimentação. E as hortas vêm ao encontro disso — avalia Fátima Freitas, gestora do Instituto Popular de Arte e Educação (IPDAE).
Eles desenvolvem o projeto Hortas Caseiras, distribuindo mudas de hortaliças, temperos, plantas medicinais e aromáticas gratuitamente. Neste sábado (26), uma nova ação será realizada na sede do IPDAE, na Estrada João de Oliveira Remião, nº 7193, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, das 9h30 às 12h. Estarão disponíveis três mil mudas de plantas como salsinha, alface, beterraba, cenoura, entre outros. Elas foram doadas por apoiadores ou compradas pelas entidades que coordenam a ação. Algumas também são doações de pessoas que pegaram plantas nas edições anteriores e agora já têm mudas para compartilhar.
A iniciativa tem como público prioritário pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade e comunidades indígenas do bairro, mas é aberta a qualquer pessoa que queira cultivar uma horta caseira. Essa é a quarta edição. Nas três primeiras, ao todo, foram feitas, pelo menos, 9 mil entregas.
Para ingressar no local, será necessário o uso de máscara. Álcool em gel estará à disposição do público, que entrará no instituto em pequenos grupos.
A ação tem parceria da Emater-RS, do Comitê de Cidadania dos Funcionários do Banco do Brasil e da Rede Luz Porto Alegre. Durante a distribuição, Luís Paulo Vieira Ramos, técnico em Agricultura da Emater-RS, dará orientações sobre hortas caseiras. Como esclarece, é possível cultivar plantas em quase todos os ambientes, mas é necessário levar em conta alguns cuidados.
*Com Isadora Garcia
Quanto de água a planta precisa?
- A frequência com que se irriga uma planta depende da temperatura e da época do ano. Uma técnica simples para identificar se a umidade da terra é a ideal é pegar um punhado e apertar com força na mão. Os grãos têm que se unir: se, nesse processo, escorrer água é porque o substrato está úmido em excesso, e se esfarelar é porque não tem água suficiente.
Qual a quantidade de luz recomendada?
- O ideal é cerca de seis horas com incidência direta de luz solar. No caso de plantas menos exigentes, é possível que uma iluminação por três horas seja suficiente. Se no local não há incidência de sol em nenhum momento do dia, é necessário que a planta esteja em uma área mais aberta para conseguir realizar a fotossíntese com a luz indireta. A salsinha é uma que tem essa capacidade.
Onde plantar?
- O tamanho do local de plantio depende da planta. Para alfaces, por exemplo, um vaso comprido pode funcionar, pois as mudas devem ficar a aproximadamente 20 centímetros umas das outras. A cebolinha e a salsinha, por outro lado, conseguem se desenvolver em um espaço menor. No caso da rúcula, cinco a 10 centímetros é o espaço necessário entre as mudas. Já para o tomate, os vasos maiores são os mais ideais porque ele tende a ocupar espaço. Seja num quintal, seja num vaso, é necessário que o substrato esteja adubado, com nutrientes. Para isso, pode ser feita uma compostagem com restos de alimentos.
Quanto tempo demora para crescer?
- Cada espécie tem um tempo, que se relaciona à estação do ano. A rúcula e o rabanete podem levar cerca de 30 dias para se desenvolver. A alface, entre 30 e 40 dias. A cenoura e a beterraba precisam de cerca de 90 dias. Já o tomate requer 120 dias para crescer. Isso também está ligado ao tamanho que se quer colher. A beterraba e a cenoura, por exemplo, podem ser colhidas aos poucos. Conforme a colheita vai sendo feita, elas vão crescendo.
Fonte: Luís Paulo Vieira Ramos, técnico em Agricultura da Emater-RS, e Fátima Freitas, gestora do IPDAE.