A multiplicação de nuvens de gafanhotos na vizinha Argentina – até a tarde de segunda-feira (3) eram cinco – se alinha à tese de pesquisadores de que esse será um período de desenvolvimento da praga. O entomologista Jerson Guedes sinalizou a tendência à coluna na semana passada, quando haviam três enxames monitorados.
– É uma temporada, e cada vez mais se assemelha ao evento de 1946. Há emergência e formação de nuvens quase que constantes – diz Guedes, que coordena o Laboratório do Manejo Integrado de Pragas da UFSM.
Ele lembra que, daqui a algum tempo, haverá a emergência dos filhos das “nuvens”, o que significa novos agrupamentos. O diferencial em relação ao fenômeno da década de 1940, reforça o pesquisador, é o maior nível de controle feito agora para combate dos insetos. Jairo Carbonari, chefe do Departamento de Defesa Agropecuária da superintendência do Ministério da Agricultura no RS, concorda que há uma preparação maior, do ponto de vista legal e prático:
– É um movimento (de gafanhotos) que há muito tempo não se via. Teremos de manter alerta em grau bastante elevado por um período.
Conforme informações repassadas pelo Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Alimentar (Senasa) a nuvem que estava na província do Chaco teria se desmembrando em duas, somando-se, assim, às de Formosa, Salta e Entre Ríos. Há outro item que preocupa.
– O calor previsto para a semana, na Argentina, pode provocar o reagrupamento dos gafanhotos e fazer com que voltem a se movimentar – observa Juliano Ritter, fiscal estadual agropecuário.