Em ano de safra reduzida pela estiagem e soja valorizada pelo câmbio, quem tinha produto em casa, colocou no balcão. E esse movimento ajudou a impulsionar as exportações gaúchas do agronegócio. Levantamento divulgado ontem pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão mostra que a receita dos embarques de carnes cresceu ainda mais. Entre abril e junho, o faturamento da proteína animal aumentou 29,3%. Na soja, a expansão foi de 15,4%. Cenário que se repetiu no semestre.
– Para aproveitar o preço em reais, quem tinha soja, vendeu. E é um período do ano que o Brasil surfa sozinho no mercado mundial, porque ainda não entrou a safra americana – pondera o economista do DEE Sérgio Leusin Júnior.
A demanda externa pelo produto é tamanha que o mercado sinaliza possível falta do grão no mercado interno. Até junho deste ano, o Estado exportou 53,3% da produção, situação semelhante à registrada em outro ano de seca, 2012, quando o percentual somou 61,2%, observa Leusin Júnior.
Outro fator com influência sobre o resultado é a base de comparação. A peste suína africana fez a China, nosso principal comprador, desacelerar as compras do grão, insumo para ração, em 2019. Aliás, o país asiático foi destino de mais da metade dos embarques do setor no segundo trimestre e de 43% no primeiro semestre de 2020.
No total, as vendas externas do setor caíram 6,7% de janeiro a junho, com o faturamento em US$ 4,94 bilhões. Resultado influenciado por quedas de setores como produtos florestais, fumo e máquinas e implementos agrícolas.