A ordem é deixar tudo pronto para que a Expointer possa ser realizada. Na próxima segunda-feira, os diretores, o subsecretário do parque Assis Brasil, José Arthur Martins, e o secretário de Agricultura, Covatti Filho, se reúnem para fazer um mapeamento de como estão as cerca de 40 licitações que precisam ser feitas para a exposição, que neste momento está mantida. A sombra da pandemia, no entanto, mantém no horizonte mais dúvidas do que respostas. A primeira delas sendo a manutenção ou alteração da data programada, de 29 de agosto a 6 de setembro. Depende do que vai apontar a área técnica da Saúde. Assim como o tipo de feira: com ou sem público, com número de visitantes limitados, com ou sem bilhetaria.
Esta não é a primeira vez que o imponderável trazido por um vírus cerca a exposição – embora, sem dúvida, seja o mais desafiador ao colocar em risco a realização.
Em 2009, a disseminação do H1N1 pelo mundo acabou determinando a ausência dos suínos no parque naquele ano. No total, 191 animais foram inscritos, mas acabaram não participando da exposição. Inicialmente favoráveis à presença, os produtores acabaram entrando em consenso com indústria e Ministério da Agricultura e, por cautela, decidiu-se pela não participação. A preocupação era de que o plantel levado ao parque pudesse vir a ser contaminado por pessoas, o que poderia ter reflexos no mercado.
– Se chegou à conclusão de que era melhor não arriscar. Para não criar mais polêmica nem dificuldade – conta Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), que já estava à frente da entidade.
Para os visitantes, foram disponibilizados equipamentos com álcool gel em diferentes pontos. O cancelamento não esteve em debate.
Em 2010, os criadores de suínos voltaram à Expointer para aquela que seria a última feira. Folador explica que as exigências sanitárias para o pós-feira eram custosas. E que as vendas também ocorriam nas propriedades. E, desde então, não participam mais.
Em 2017, a gripe aviária fez com que as aves ficassem de fora das feiras. Também com o objetivo de preservar a sanidade dos animais. Sobre a Expointer deste ano, Folador vê um cenário “bastante complicado”:
– Por essa questão da pandemia. Mas é uma decisão difícil a ser tomada.
Aftosa também trouxe tensão
Descontados os inúmeros episódios políticos que fazem parte da história da Expointer, outro fato marcante aconteceu em 2000. Naquele ano, o Rio Grande do Sul se preparava para a retirada da vacina contra a febre aftosa (como mostra, na foto acima, cartaz colocado à época às margens da exposição).
Em meio à feira, veio a confirmação de um caso da doença no Rio Grande do Sul, o que marcou aquela edição.
No ano seguinte, houve registros e regiões de focos e adjacências não puderam participar da exposição, que é considerada uma grande vitrine da pecuária gaúcha.
A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) deve fazer nos próximos dias reunião virtual com a diretoria para tratar da edição deste ano. A entidade é uma das organizadoras do evento.
– Neste quadro de hoje, não sei se a Farsul participaria. O Rio Grande do Sul está bem, mas estão morrendo 1,2 mil pessoas por dia no país. E na Expointer vem gente de todo o Brasil – observa o presidente da entidade, Gedeão Pereira.