O aval do Ministério da Agricultura para a suspensão da vacina contra a febre aftosa era a senha de que o Estado precisava para dar continuidade ao processo de progressão de status sanitário. Ainda não é a garantia de que ocorrerá. Há um caminho a ser trilhado até a linha de chegada, que fica na sede da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris. A prova será de fôlego: só termina em maio de 2021, na assembleia anual da instituição, quando ocorre a certificação de status sanitário.
Para chegar até a França, é preciso passar por etapas eliminatórias. A primeira está prevista para agosto, quando o ministério vistoria o cumprimento de ajustes solicitados em auditoria.
São apontamentos como o de reforço de pessoal e de veículos. Esses pontos imprescindíveis estão no centro das preocupações dos pecuaristas. Outra questão sensível e que está na lista do ministério é a fronteira seca do Rio Grande do Sul com Argentina e Uruguai – dois países que imunizam o rebanho. Um projeto batizado de Sentinela deve atender à região, com a participação de outros órgãos, além de Secretaria e Ministério da Agricultura. Entram na lista Exército, Brigada Militar, Polícia Civil, Defesa Civil e até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Um projeto-piloto seria realizado no início deste mês, mas foi adiado pela pandemia. Deve ser retomado assim que possível, em razão da nova vistoria do ministério.
– A ideia é montar pelo menos oito equipes, com pessoal da Agricultura e das forças policiais – explica Francisco Lopes, chefe da Divisão de Controle de Informações Sanitárias da secretaria.
Para um segundo momento, devem ser adquiridos drones para a Fronteira, acrescenta o secretário Covatti Filho. Presidente da Associação dos Fiscais Estaduais Agropecuários, Pablo Fagundes Ataíde diz que a fase atual “é muito mais técnica do que burocrática”:
– A gente entende que o reforço deveria ser nessa área.
Há contratações previstas para o setor administrativo. A secretaria argumenta que isso permitirá liberar para o campo técnicos hoje em outras funções.
Produtores buscam segurança
Com propriedade a menos de 50 quilômetros do Uruguai, Eduardo Eichenberg avalia que o Estado preciso ter cautela, até pela série de contrapartidas que exigem investimentos. Isso em meio a cenário de dificuldades financeiras dos cofres públicos e incertezas trazidas pela covid-19.
– Vamos mexer sem ter muito claro o que ganharemos em termos de remuneração de produto. Acredito que é um caminho sem volta, apesar de eu ser contrário. A decisão está tomada,tanto na esfera estadual quanto federal. Produtores seguirão trabalhando na sanidade de rebanho. O que se espera é que o governo cumpra o combinado. Para não perder tudo o que foi conquistado – acrescenta o diretor da Estância do Silêncio e vice-presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB).