A divulgação dos dados do PIB brasileiro nos três primeiros meses deste ano confirma o grande estrago da pandemia em diferentes setores. E, ao mesmo tempo, dá à agropecuária a condição de exceção à regra. Foi o único a crescer: 0,6% na comparação com o trimestre anterior e 1,9% sobre 2019. Como esse não é o período de maior impacto do segmento, que costuma ser no segundo trimestre, fica a expectativa de que o melhor ainda está por vir.
Mas a pandemia levou a economia global à lona de tal forma que reerguê-la exige mais do que uma força. Ou seja: o agro continuará fazendo a sua parte, garantindo resultados positivos (no país), mas o nível de dificuldade é tamanho que, sozinho, não será suficiente para compensar todo o estrago.
— Por mais potente que seja esse trator, a economia brasileira está tão atolada que uma máquina só não puxa. O que o agro vai mostrar é resiliência neste momento de crise global — compara Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Ele avalia que no ano, o PIB da agropecuária terá boa performance e deve dar sua contribuição à economia brasileira. No recorte nacional, em que produção foi positiva a ponto de se prever recorde — que poderá vir a ser ameaçado pelo resultado do Rio Grande do Sul.
O Estado tem situação bem diferente da do país: a pandemia se somou à estiagem que havia provocado perdas significativas. Com a ressalva de que os números gaúchos ainda não saíram, o economista da Farsul estima que o maior impacto no PIB do RS deva vir no segundo trimestre, podendo chegar a dois dígitos de queda. Projeção que tem como base os efeitos negativos da falta de chuva em anos de estiagem.