Depois de engatar alta alimentada pela corrida aos supermercados com a chegada do coronavírus, o preço do leite UHT começa curva de queda. No varejo, baixou de R$ 3, aponta a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
– Já tem oferta, dependendo do mercado e da marca, de R$ 2,60, R$ 2,70. Está caindo a ficha, com as demissões que estão ocorrendo, e o consumidor está muito receoso. As pessoas estão apenas no basicão – observa Antonio Cesa Longo, presidente da Agas.
Os estabelecimentos, acrescenta o dirigente, estocaram “bastante, porque ninguém sabia o que ia acontecer”. Derivados, que são produtos de maior valor, vêm com queda de consumo.
Esse cenário preocupa a indústria, apesar do retrato momentâneo apontar aumento no valor do preço de referência pago ao produtor. Ontem, o Conseleite, que reúne indústria, produtores e Secretaria da Agricultura, estimou o preço do litro para este mês em R$ 1,3541. A quantia representa alta de 9,79% em relação à registrada em março, de R$ 1,2333.
– O que aconteceu é que a tomada de preços se dá até 10 de abril, quando estávamos no final da onda de abastecimento. Hoje, o cenário é outro – pondera Rodrigo Rizzo, presidente do Conseleite.
A avaliação é semelhante à do presidente do Sindilat-RS, Alexandre Guerra:
– De fato, o mercado está muito retraído, o consumo, freado e o varejo, só fazendo a reposição. Até o final do mês, os preços (ao produtor) devem voltar aos patamares anteriores ao covid-19.
Ele acrescenta que as médias do Conseleite são feitas em cima de produto vendido, sem considerar produção e estoques. E lembra que a suspensão das atividades do ramo de alimentação teve impacto muito grande na venda de queijos e outros derivados.
Soma–se à redução de consumo a alta dos custos (milho, farelo de soja, usados na alimentação dos animais) e os impactos da estiagem, e a perspectiva para o produtor é desalentadora, com redução de renda estimada em 40%.