A soma de sintomas locais e globais tem trazido a perspectiva de um quadro nada desejável para a economia do Estado. Dentro de casa, a estiagem agravada pela falta de chuva é um lembrete diário de que as perdas extrapolarão os limites do meio rural. No ambiente externo, efeitos do coronavírus contaminam o mercado global, derrubando bolsas e minando a perspectiva de crescimento econômico, com potencial reflexo em demanda.
Situações que não só estão no radar como mobilizam o agronegócio gaúcho. Ontem, em encontro que se arrastou por todo o dia, representantes de entidades do setor estiveram reunidos na sede da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) com o objetivo de alinhar medidas para socorro aos agricultores que registram perdas nas lavouras de grãos da safra de verão. Também passaram pelo encontro políticos e instituições financeiras.
Na tentativa de construir consenso acerca do tema, apenas uma certeza: diante da situação, há urgência nas ações.
O contingente de produtores que poderiam se fazer valer dessas medidas chega a 245 mil. Financiamentos de custeio na atual safra somam R$ 18,7 bilhões no Rio Grande do Sul, segundo dados do Banco Central.
A medida mais imediata é uma renegociação que postergar os primeiros pagamentos e, ao mesmo tempo, permita acesso a crédito para a safra 2020/2021. Essa solução precisa sair antes de 60 dias, em razão dos vencimentos previstos para as parcelas de financiamento. Se até lá isso não ocorrer, ponderam interlocutores, o cenário será de endividamento gravíssimo.
Também se buscam iniciativas estruturantes, de fôlego e no longo prazo. As solicitações – que reforçam pedidos já encaminhados ao governo federal, ao mesmo em que filtram o que é efetivamente essencial – estarão em documento que deverá ser entregue hoje pela bancada gaúcha para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Brasília.