Efeitos numéricos da pandemia de coronavírus começam a aparecer no agronegócio do Rio Grande do Sul. Levantamento mensal da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) da inflação do setor apontou variação nos custos de produção e nos preços recebidos. Em fevereiro, os gastos ficaram o,o3% acima em relação à janeiro. E os valores dos produtos, tiveram alta de 0,96%. Nos dois casos, foi a elevação da taxa de câmbio que puxou o movimento.
Apesar do percentual de custos refletir estabilidade — a alta é muito pequena —, o alerta vem do fato de que esse período do ano costuma ser de recuo, em razão da sazonalidade. Ou seja, há pouca demanda, o que faz insumos e outros itens ficarem mais baratos, porque as lavouras já estão em fase final de produção ou em colheita.
— A situação da taxa de câmbio está sendo influenciada pelo coronavírus. Se continuar a pandemia, o mundo parado, com fronteiras fechadas, a tendência é de que se mantenha elevada. E é provável que os insumos tenham aceleração de preços — pondera Danielle Guimarães, economista do Sistema Farsul /Senar.
No acumulado de 12 meses, o custo de produção aumentou 0,42%. Percentual que não é expressivo e pode ser explicado entre outros fatores pela desvalorização dos fertilizantes, no ano passado, em razão da elevada oferta global.
Por outro lado, a alta da cotação da moeda americana tem compensado desvalorização das commodities na Bolsa de Chicago. O cenário turbulento e as especulações acerca da demanda em economias sob a sombra do coronavírus encolheram os valores em dólares. Mas no Estado esse recuo não tem sido sentido por conta do câmbio. No acumulado em 12 meses, o índice de preços recebidos atingiu 16,66%, o maior percentual desde 2015. Apesar desse panorama favorável, a economista pondera:
— Devemos lembrar que estamos falando de ano de estiagem no Estado e em um mundo com demanda reprimida.
Dados do Ministério da Economia mostram que, nos dois primeiros meses do ano, por exemplo, as exportações brasileiras de soja em grãos caíram 11% em volume e 13% em valor na comparação com igual período do ano passado.