Depois de mais de um ano de debate sobre os impactos da deriva do 2,4-D no Estado, pela primeira vez o Ministério Público decide recomendar a suspensão da aplicação do produto. Ainda que a medida esteja prevista somente no período da greve dos fiscais agropecuários, trata-se de orientação mais incisiva. Não se sabe se funcionará na prática.
O pedido ainda precisa ser avaliado pela Secretaria da Agricultura. É a pasta que tem a prerrogativa de determinar a suspensão por meio de portaria ou de instrução normativa. Antes deve ponderar aspectos técnicos para tomar decisão. Pode ser que a paralisação termine antes, o que anularia eventual adoção da medida.
— Acho que não. Se isso acontecer, teremos de reavaliar. Mas fica uma sinalização clara também de que o Rio Grande do Sul não vai mais tolerar descumprimento das instruções normativas — argumenta o promotor Alexandre Saltz.
A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) antecipou reunião da diretoria que ocorreria hoje. Mantendo a posição de contrariedade à proibição de produto que tem registro regular no país, validou outro entendimento sobre a recomendação feita pelo MP.
— Em face à greve dos servidores, concordamos com a suspensão provisória, durante esse período — afirma Domingos Velho Lopes, diretor da entidade.
Avaliação diferente tem Valter Pötter, da Estância Guatambu, de Dom Pedrito, que vem sofrendo impacto da deriva:
— Achamos que será ineficaz. Cogitamos entrar na Justiça. Nossa situação é uma questão de sobrevivência, por isso estamos na luta para suspender o uso do 2,4-D no Estado.
Essa será a segunda safra com laudos que comprovam a deriva do produto. Foram criadas regras para aplicação, após a confirmação em 2018, mas o problema se mantém. E o 100% positivo em 76 análises já entregues é um número forte.
Atenção: acesse o site e o aplicativo GaúchaZH usando o seu e-mail cadastrado ou via Facebook. O nome de usuário não está mais disponível. Acesse gauchazh.com/acesso e saiba mais.