Considerado um dos principais motores da economia brasileira, o setor agropecuário fechou 2018 com crescimento tímido, quase uma estabilidade: 0,1%, segundo dados apresentados ontem pelo IBGE. O resultado é inferior ao do PIB brasileiro, que teve aumento de 1,1%. Será que o segmento perdeu força?
De forma alguma. Há alguns fatores que explicam por que a produção primária teve esse resultado. A começar pela base de comparação, que é elevada. Em 2017, o avanço havia sido na casa de dois dígitos: 12,5%, resultado que ajudou a segurar a peteca da economia nacional naquele ano.
— Crescer qualquer coisa depois de ter avançado quase 13% já é muito bom — pontua Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema da Farsul (Federação da Agricultura do Estado).
Além disso, alguns ingredientes — previstos e imprevistos — também atrapalharam o desempenho. A greve dos caminhoneiros, o processo eleitoral e os fatores climáticos estão entre eles, na avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
— O setor agropecuário sofreu alguns fatores climáticos ao longo da última safra em 2018 e isso comprometeu um crescimento mais robusto. Temos de lembrar também que no meio do ano houve greve dos caminhoneiros e eleição presidencial, que trouxe volatilidade para o câmbio, e isso fez com que o setor se retraísse — avalia Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA.
No Rio Grande do Sul, os números estimados pela Farsul eram de recuo de 0,5% no PIB agropecuário de 2018 – a diferença em relação ao cenário nacional refere-se às perdas registradas na produção de soja em razão da estiagem na Metade Sul no ano passado.
Para este ano, a estimativa da CNA é de melhora no cenário econômico. Nesse contexto, trabalha com projeção de que o agro tenha expansão de 3,5% no país — o que, em se confirmando, ficaria acima do patamar da economia.