Depois de 24 anos, o Rio Grande do Sul poderá voltar a ser o segundo maior produtor de soja do país. As projeções mais recentes de Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e IBGE apontam colheita gaúcha do grão superior à paranaense, algo que não era registrado desde a safra 1994/1995. O principal motivo para essa alteração de posição é o clima.
A produção paranaense sofreu forte impacto de estiagem, chuva excessiva e altas temperaturas ao longo do ciclo. Tanto que a redução estimada é de 9,9% no mais recente balanço da Conab. O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) revisou mais uma vez para baixo a colheita na semana passada, prevendo 16,3 milhões de toneladas que, se confirmado, representaria quebra de 15% sobre 2018. Extraoficialmente, fala-se que o recuo poderia chegar a 30%.
O RS também sofreu com o mau tempo e deverá ver sua produção encolher — projeção feita pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) é de que seja 1,04 milhão de toneladas a menos do que o inicialmente previsto, ainda assim à frente do Paraná.
— O problema na produção de soja foi gravíssimo. Com certeza, devemos superá-los na produção deste ano — confirma Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do RS (Aprosoja-RS).
Ele acrescenta, no entanto, que os gaúchos vêm fazendo o dever de casa, com uma curva crescente na produtividade do grão. E se nas áreas de várzea o resultado será diretamente comprometido pela chuva, em regiões como a do Planalto, o rendimento por hectare da cultura deverá compensar.
Para além da questão competitiva, o efeito prático da melhora no ranking é que “mostra atividade econômica que está crescendo e ainda tem potencial de crescer”, avalia Fucks.
Economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz reforça que o resultado desse ciclo é reflexo direto do clima. Mas entende que os gaúchos têm em seu favor combustíveis singulares para fazer a produção de soja avançar:
— A crise no arroz tem conduzido ao plantio de soja. Há ainda áreas de pecuária que poderiam servir para o grão.
O primeiro lugar segue firme com o Mato Grosso, que deve colher 32,12 milhões de toneladas de soja, de acordo com a Conab.