Se as projeções feitas pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) se confirmarem, a soja, principal produto da pauta gaúcha, poderá ter faturamento recorde em 2019. O crescimento em relação a este ano é pequeno, 1,7%, mas se dá em cima de uma base alta de comparação, já que o valor bruto da produção do grão em 2018 teve acréscimo de 17,4%. Boa parte dessa valorização veio da variação cambial, que ampliou os preços da commodity em reais.
— A elevação do câmbio fez aumentar os preços das commodities.Tanto que, apesar de ter colhido uma safra menor em 2018, o Rio Grande do Sul teve um valor bruto de produção maior — disse o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz.
O volume de grãos neste ano foi 5,3% menor, mas os R$ 32,27 bilhões somados em faturamento representam aumento de 1,5% em relação a 2017, quando o Estado colheu safra recorde. Agora, os gaúchos deverão ter sua segunda melhor colheita da história, com a soja avançando tanto em área quanto em produção.
O ponto de atenção vem justamente da explicação para a valorização de preços por conta da desvalorização do real frente à moeda norte-americana. Os custos da atual safra são conhecidos _ e, de acordo com os índices de inflação do agronegócio deverão ser os maiores da série iniciada em 2010. Em contrapartida, a cotação de venda é uma incógnita.
— A taxa de câmbio é como um tapete. Quanto maior, mais sujeira cabe embaixo — compara Luz, ao apontar que a valorização obtida pela variação esconde as ineficiências da produção brasileira.
Mais do que o tamanho, é a volatilidade da moeda dos Estados Unidos que preocupa. Uma carga de soja, exemplificou o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, leva 46 dias para chegar à China. E a cotação da saída nem sempre é a mesma da chegada.
Apesar dessa ressalva, a entidade faz estimativas otimistas para 2019, quando prevê crescimento da economia brasileira e da gaúcha, assim como do PIB da agropecuária. No caso do RS, o avanço do segmento será levemente maior do que o nacional, reflexo dos números deste ano, quando a seca na Metade Sul cobrou seu preço aos produtores de soja.