Com a suspensão temporária da queda de braço travada entre Estados Unidos e China, as atenções do agronegócio se voltam para os possíveis efeitos no curto e no longo prazo. Até agora, o setor havia testemunhado resultados positivos da guerra comercial, que fez as exportações de soja brasileira para o país asiático crescerem acima de 100% em outubro. Mais do que isso, a disputa entre os dois gigantes da economia mundial acabou valorizando o produto do Brasil, por meio do prêmio de exportação – espécie de bônus pago em razão da grande demanda. E isso, somado ao câmbio, compensou o valor em baixa da commodity na Bolsa de Chicago.
Uma das consequências da paz temporária poderá ser a valorização do grão na bolsa, e o recuo do prêmio à soja brasileira – que, aliás, já esteve em patamar maior.
– Estávamos na expectativa de que alguma coisa iria acontecer. É um novo arranjo de forças no mundo, e refletiu no produtor americano. Havia muita pressão dentro dos EUA, a comercialização da soja estava parada, todo mundo esperando para vender – observa Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) do Estado, em relação à medida anunciada no final de semana, de suspender a batalha comercial de sobretaxas.
Economista do Sistema Farsul, Antônio da Luz lembra que, embora no curto prazo o efeito da disputa tenha sido positivo para o Brasil, não se pode esperar ganhar terreno com a desgraça alheia:
– A gente tem de crescer com base nas nossas melhorias, e não apostar em algo fora do nosso controle.
O principal risco em uma briga de gigantes como China e EUA é a diminuição de taxa de crescimento desses países, o que teria um efeito negativo para o Brasil.
– Torço para que os chineses sigam crescendo, nem que o custo disso seja as coisas se realinharem – observa Luz.
E por realinhamento entenda-se a volta ao patamar tradicional de compras da China. O que está longe de ser ruim.