Os resultados do embate travado entre americanos e chineses começam a aparecer na balança do agronegócio brasileiro. Mais especificamente nos embarques de soja. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços mostram que o volume despachado para o país asiático mais do que dobrou em outubro, na comparação com igual mês do ano passado.
– Devido à disputa, em vez de a demanda estar deslocada para os Estados Unidos, continua no Brasil, mesmo com a entrada da safra americana. Só estamos com volume expressivo neste período porque a China segue comprando – afirma Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado.
Esse é o lado positivo da moeda. Há, no entanto, que se considerar os efeitos a longo prazo da situação.
Lucilio Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, lembra que a continuidade das exportações de soja fez o ritmo das vendas de milho segunda safra diminuir, o que elevará os estoques internos, impactando o valor. Outro aspecto, acrescenta, é que os atuais preços da soja brasileira são maiores do que os da americana:
– Outros compradores devem deixar de buscar o produto do Brasil e passar para o dos EUA, mais barato. Com isso, passaríamos a ficar dependentes da China, e a dependência não é algo favorável no médio e longo prazo.