Tudo o que o Brasil não precisa é de uma nova paralisação de caminhoneiros. Menos mal que a suposta ameaça de entidades da categoria após a Petrobras anunciar aumento de 13% no diesel, na sexta-feira, está mais para boataria do que para mobilização real. Seria mais gasolina no tanque de incertezas em que o Brasil está mergulhado, e que resultou em economia estagnada, desemprego alto e disparada do dólar.
A exemplo do episódio de maio, voltar a trancar estradas não soluciona o problema do frete. Os caminhoneiros conquistaram um congelamento temporário do preço do diesel, mas o problema central de falta de demanda, resultado da atividade atolada, não foi revertido. Pelo contrário. O PIB variou apenas 0,2% no segundo trimestre, afetado pela paralisação. Dentro dos serviços, o transporte caiu 1,4% ante o período de janeiro a março.
A greve dos caminhoneiros bateu na inflação, minou ainda mais a confiança de empresários e consumidores e contaminou o câmbio. Mesmo que a moeda americana se valorize em todo o mundo pelo aumento do juro nos EUA e, no Brasil, a eleição influencie, a greve foi ingrediente importante. Só nos 10 dias de paralisação, passou de R$ 3,68 para R$ 3,73. Com a percepção de desarranjo generalizado que se seguiu, em 7 de junho o dólar disparou e bateu nos R$ 3,92. Agora, está acima de R$ 4 e a crise cambial na Argentina é o novo foco de tensão.
Uma nova paralisação pressionaria mais o câmbio, um dos dois principais itens a formar o preço do diesel. Ruim para os caminhoneiros e para o Brasil. Impactaria outra vez a economia. Péssimo para o país e para a categoria. Com a atividade ainda mais fraca, não há tabela de frete que se sustente.