Com aplicação anual de 2,4 bilhões de euros em inovação, a alemã Bayer (agora dona da Monsanto) precisa gastar tempo considerável dando explicações sobre produtos de uso consolidado. É o caso do glifosato.
Perguntado na Expodireto-Cotrijal, em Não-Me-Toque, sobre como a empresa vê o parecer técnico dado pela Anvisa ao mesmo tempo em que enfrenta nova batalha judicial nos Estados Unidos, Márcio Santos, diretor comercial da divisão agrícola no Brasil, afirmou que existem mais de 800 estudos globais que referendam a segurança do herbicida, usado em mais de 90% das lavouras de soja do Brasil.
— Tem uma coisa que é ciência, e outra que é crença. Uma vez que eu acredito em algo, é muito difícil mover isso. E os meus experimentos estão tentando convencer os palmeirenses de que o Corinthians é melhor. Não basta dado, evidência — comparou.
Ele também lembrou que o Brasil tem 50 milhões de hectares cultivados pelo sistema de plantio direto — para o qual o glifosato é essencial. Nos Estados Unidos, em espaço semelhante, a técnica é usada em 40% da área. Na Europa, o índice cai para 5% da área que equivale a 15% da brasileira em que se usa o plantio direto.
No final do mês passado, a Anvisa emitiu parecer técnico sobre reavaliação tecnológica do produto, recomendando a manutenção da venda. No mesmo período, começou julgamento nos Estados Unidos de ação contra a multinacional em que o uso do herbicida é associado ao câncer. No ano passado, em outro processo, foi determinado pagamento de indenização milionária a jardineiro com a doença.