Alçado à condição de presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) em dezembro do ano passado, com a morte de Carlos Sperotto, o veterinário Gedeão Pereira, 70 anos, encara hoje as urnas pela primeira vez como cabeça de chapa, de grupo de consenso. Em conversa com a coluna, fala sobre os desafios para a gestão no triênio 2019-2021. Confira trechos da entrevista
Como avalia o fato de a Farsul ter montado chapa única e de consenso?
Recebi com muita honra essa situação. O Sperotto me conduziu por quatro mandatos como vice, em indicação clara de que era o desejo dele. Mas só isso não seria suficiente. Se estabeleceram no Estado duas sensações: uma certa orfandade, pela falta dele, e a sensação do novo, depois de 20 anos de mandato. Saímos a trabalhar fortemente por um novo horizonte. Estabelecemos o programa Farsul em Campo, alternativa de administração transversal, e levamos aquilo que a federação estava fazendo ou não deixando fazer pelo produtor rural. Foi demonstrado aos nossos sindicatos e possivelmente tenha agradado. Por se estabelecer essa novidade acharam por bem nos conduzir a mais um mandato. Nos deram um voto de confiança para que prossigamos mais três anos. É uma enorme responsabilidade. Ao não ter oposição, está sendo sinalizada a continuidade desse trabalho.
O senhor fala na sensação do novo, mas boa parte da diretoria já vem atuando na entidade...
São 31 membros. Houve mudança de um terço de nomes. Aumentou o quadro feminimo, de duas para três integrantes. Evidentemente, queremos alicerçar muito a administração nas comissões, que serão reconstruídas, a partir de janeiro. Serão estruturas auxiliares, porque um presidente não é obrigado a saber sobre todos os temas.
Sua tarefa é substituir Carlos Sperotto, presidente por sete mandatos e figura marcante do agronegócio. Como deixar a marca própria?
Não é tarefa simples. Temos muitos companheiros, estamos unindo inteligências. Temos de nos espelhar no passado para construir o futuro. O Sperotto era notável, tinha sua maneira de gerir. Tínhamos uma identidade muito grande de pensar, mas éramos diferentes na maneira da ação. Eu penso em um processo mais aberto, mais transversal, dividindo as decisões.
O fim da contribuição sindical obrigatória é hoje o maior desafio para gestão da Farsul?
Sem dúvida. A grande preocupação é sustentarmos os sindicatos com as portas abertas. Se perdermos sindicatos, perdemos nossa essência. Temos de redobrar esforços para sustentá-los. Precisamos aumentar a participação como um todo, para que o produtor sinta necessidade de sustentar o sistema, para que tenha entendimento de que quem o defende. Queremos evoluir, levar alguma forma de assistência técnica, principalmente nas propriedades médias. Se o produtor se sentir amparado, dará guarida à existência.