Enquanto segue o impasse da tabela de preços mínimos de frete no país, que paralisou o mercado de grãos e afetou o transporte de diversos produtos, líderes do agronegócio orientam indústrias e produtores a não fecharem novos contratos.
– É uma afronta para a livre negociação. Estão tentando extinguir a lei de oferta e da procura, isso não existe no mercado – argumenta Nestor Freiberger, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
No setor de aves, por enquanto a maior parte das entregas está mantida em razão de contratos antigos e por empresas que têm frota própria. O mesmo ocorre nas indústrias de laticínios, que têm conseguido fazer as coletas diárias nas propriedades. Em relação a novas contratações de frete, o entendimento dos dirigentes é de que não existe espaço para repassar o aumento de custos ao consumidor.
– Não há como absorver um preço mínimo do frete. Se for assim, vamos pedir que o governo regule o preço de outros produtos também – diz Alexandre Guerra, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat).
No mercado de grãos, parado há quase um mês, desde o início da greve dos caminhoneiros, a direção também é para que não se feche novos contratos com a tabela publicada no dia 30 de maio – uma das medidas que colocou fim à paralisação dos caminhoneiros no país.
– Se vendermos o grão ao preço atual do frete teremos prejuízo – garante Vicente Barbiero, presidente da Associação de Empresas Cerealistas do Estado (Acergs).
O dirigente exemplifica que o valor da tonelada de soja transportada do norte do Estado ao porto de Rio Grande aumentou cerca de 40% com a nova tabela. No caso dos fertilizantes, que aproveitam o frete de retorno dos caminhões, a alta é de 90%.
Nesta quarta-feira (13), o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para que o governo se manifeste sobre a medida provisória que estabeleceu o preço mínimo dos fretes no país.