Uma das medidas adotadas pelo governo federal durante a paralisação dos caminhoneiros, a tabela de preços mínimos de frete para os motoristas autônomos está tendo um efeito colateral indesejado. Cerealistas pararam de carregar e tradings e corretoras deixaram de fazer negócios no Rio Grande do Sul, a exemplo do que vem ocorrendo em outros Estados.
– O mercado está parado. Ninguém quer fazer nada: vender, comprar, transportar. Não querem mexer sem saber o que vai acontecer. Só contrata quem precisa mesmo – afirma Carlos Cogo, consultor em agronegócio.
Vicente Barbiero, presidente da Associação de Empresas Cerealistas do Estado (Acergs), que tem 60 associadas, confirma que os carregamentos estão suspensos:
– Paramos os carregamentos quando terminou a greve e ficamos cientes dessa tabela. Ficaremos assim até quando governo decidir revê-la.
Uma comitiva da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebras) abriu uma frente de negociação em Brasília, para tentar reverter os preços fixados na tabela.
O principal argumento é o aumento do custo. Barbiero explica que a tarifa do frete aumentou mais de 40%. Para o produtor, isso pode significar perda de R$ 4 no valor da saca de soja:
– A uma distância de 680 quilômetros, pagávamos R$ 95 por tonelada. Agora, para essa mesma distância, o valor subiu para R$ 140.
Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do RS (Aprosoja-RS) diz que a medida é "tiro acabou saindo pela culatra". Ele diz que grandes empresas do Estado, como a Bianchini, enviaram comunicados sobre a suspensão dos carregamentos.