A suspensão da União Europeia a 20 frigoríficos de frangos do Brasil, aprofundou ainda mais os prejuízos registrados nas exportações do setor para o bloco. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) deve divulgar nesta sexta (4) balanço dos embarques no mês de abril, quando a medida foi anunciada. E o cenário não é nada positivo.
Vice-presidente de mercado da entidade, Ricardo Santin projeta repetição do quadro registrado em março, quando houve recuo de mais de 50% do volume embarcado para a Europa. Como o ano-cota termina em junho, não há tempo hábil para reverter a situação.
– É impossível recuperar os estragos realizados por todas as operações Carne Fraca, pelo autoembargo do Ministério da Agricultura e pelo descredenciamento. Em abril, nenhuma outra empresa ocupou o espaço deixado pela BRF – afirma o dirigente.
A possibilidade de novo recuo em torno de 50% preocupa porque esse é considerado um patamar pesado. E também por não existir mercado capaz de absorver todo volume de peito de frango que antes era destinado à União Europeia.
O resultado é que os estoques estão cheios e o mercado interno com oferta de sobra.
Situação que fez os preços despencarem no varejo. Isso não se reverteu, no entanto, em ampliação das vendas. Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, nos últimos 40 dias, cortes congelados tiveram redução entre 15% e 20%.
O consumidor acabou migrando para outras carnes, como a suína e a bovina, que também ficaram mais baratas e tiveram aumento na comercialização.
– Infelizmente, o mercado interno já está suprido de frango, qualquer excesso é só para derrubar o preço – avalia Longo.
Santin não vê mais espaço para queda nos valores, entende que se chegou "ao fundo do poço".
A regularidade da oferta no mercado interno deve ser concretizada somente no final do mês, quando começarão a ser sentidos os efeitos da readequação da produção. BRF e Aurora, por exemplo, marcaram férias coletivas em frigoríficos.