Foi mais do que um empurrão que a agropecuária deu à economia nacional em 2017. A safra recorde colhida nos campos brasileiros alimentou expansão de dois dígitos do PIB do setor – 13% – e fez o país fechar o ano com crescimento de 1%, revertendo a trajetória de dois anos consecutivos de queda.
– Esse crescimento é basicamente reflexo da supersafra. E o último trimestre também veio forte na pecuária – afirma Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul (Federação da Agricultura do Estado).
No Rio Grande do Sul, o setor também deve fechar com resultado positivo, ainda que não na mesma proporção do país. É porque em 2016 – base de comparação do PIB do ano passado – o Brasil registrou quebra de safra, enquanto o Estado, não.
Para 2018, as perspectivas são outras. Além do patamar elevado do ano passado, a produção estimada é menor – o IBGE projeta redução de 6,8% na colheita, com 224,3 milhões de toneladas.
– Isso cria condição de PIB negativo para o segmento, mas não é uma situação ruim.
São aqueles truques estatísticos. Não quer dizer que teremos aumento de desemprego no setor, por exemplo – observa Pedro Ramos, gerente de análise econômica do Sicredi.
Luz concorda:
– Como o PIB é medida de variação, devemos ter resultado negativo. Mas, neste caso, não significa que estamos andando para trás.
Em 2018 começarão a aparecer os efeitos da crise vivida no leite e na produção de arroz, decorrentes de diversos fatores, entre eles a redução de consumo. E embora seja cedo para dimensionar o tamanho, é inegável que a estiagem na Metade Sul impactará na colheita, podendo aprofundar a redução estimada para a safra gaúcha no atual ciclo.
Isso está longe, no entanto, de significar que o setor puxará a economia para baixo.
O agronegócio seguirá como pilar da economia brasileira e gaúcha.