As projeções de redução na colheita do milho no Rio Grande do Sul lançam uma ponta de preocupação para as indústrias de proteína animal. Com menos grão à disposição, a tendência é de valorização de preços e necessidade de trazer quantidade ainda maior de produto de fora.
O cenário, no entanto, é muito diferente daquele vivido em 2016, quando a saca passou de R$ 50, pondera José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav):
– Não estamos confortáveis, mas o setor está se preparando. Aprendeu a trabalhar com mercado futuro. De toda forma, a situação deixa em alerta, porque a indústria tem necessidade de abastecimento contínuo.
Para suprir a demanda da indústria gaúcha de aves e de suínos, é preciso comprar entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas de outros Estados. Santos pondera que, caso haja necessidade de repassar custos ao produto final, não será maior que 10%.
Nesta terça-feira (12), no terceiro levantamento da safra 2017/2018, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou redução de 15,5% na produção de milho, que deverá somar 5,1 milhões de toneladas. O recuo tem relação direta com o encolhimento da área destinada à cultura, que caiu 12% neste ciclo e será a menor da série histórica.
– A redução de área reflete os preços mais baixos do milho neste ano – completa José Bicca, superintendente interino da Conab no RS.
Outro alerta em relação à safra de milho vem da possibilidade de chuva escassa nos meses de janeiro e fevereiro. O grão tem grande dependência de água.
Quanto à produção de inverno, a Conab também confirma resultado desastroso: queda de 48,9% na produção de trigo, com volume de 1,28 milhão de toneladas.