No ano em que os efeitos das grandezas do setor primário ficaram ainda mais evidentes na economia do Rio Grande do Sul, o terceiro trimestre representou um atípico tropeço da agropecuária. A queda ajudou, junto com a da indústria, a deixar o PIB do Estado estagnado, anulando a alta do setor de serviços, conforme dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Mas o recuo de 6,6% do setor, em relação a igual período do ano passado, está longe de ser uma preocupação ou de refletir, de forma fidedigna, a realidade do agronegócio ao longo deste ano.
Tradicionalmente, o segmento costuma ter pouco peso no terceiro trimestre. As lavouras de verão já mostraram toda sua força no segundo trimestre, e as de inverno impactam mais no quarto. Então, a influência fica por conta de outras atividades, como a pecuária e a produção de frutas.
– O que acabou pesando foi, principalmente a cultura da laranja. Houve queda de 6,7% na produção – observa o economista Rodrigo Feix, coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da FEE.
Outra razão para o resultado negativo vem da pecuária, de corte e de leite, completa Antônio da Luz, economista do Sistema da Federação da Agricultura do Estado (Farsul):
– A produção de leite e os abates são importantes no período e ambos sofreram bastante no inverno.
Houve recuo no consumo, com consequência direta nos resultados do setor – e na renda dos produtores, que viram os preços despencarem. Da mesma forma, o trigo sofreu impacto do mau tempo, o que resultou em redução à metade da produção.
No acumulado do ano, no entanto, prevalece o bom resultado colhido nas lavouras de verão – a agropecuária tem no período crescimento de 9,7%.
E a economia como um todo se beneficiou disso, crescendo 1,3%, mais do que o dobro da alta registrado no país no período.
– O Rio Grande do Sul está crescendo no terceiro trimestre o que a gente espera que o Brasil cresça no quarto – observa Luz.