É pelo mesmo motivo que a Bayer vendeu e a Basf comprou ativos, no negócio de 5,9 bilhões de euros anunciado na sexta-feira: o mercado global de sementes.
A multinacional alemã, porque se desfazer de parte da unidade CropScience era prerrogativa para poder concretizar a compra da Monsanto.
Ao abrir mão, entre outros itens, da tecnologia Liberty Link, que inclui a Creedence, marca da soja transgênica da companhia, a empresa olha para o domínio exercido pela biotecnologia dos americanos. A estimativa é de que a Intacta RR2, segunda geração de soja geneticamente modificada da Monsanto, ocupe mais de 50% da área plantada no Brasil.
Diante desse gigantismo, a Bayer não titubeou em colocar uma parte de seu negócio à venda, apenas um ano e sete meses depois de lançar comercialmente no Brasil a Creedence. E embora tenha se concretizado agora, a transação certamente vinha sendo ensaiada há algum tempo. Mais do que isso, antecipa eventual recomendação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), de venda de ativos para permitir a compra da Monsanto– relatório publicado no início do mês apontava concentração de mercado.
Da mesma forma, o interesse da Basf em adquirir a fatia oferecida pela Bayer tem relação com a área de sementes.
– Estes investimentos são vistos como complementos estratégicos para o negócio de proteção de cultivos da Basf, que consideramos estabelecido e muito bem-sucedido, assim como para as nossas atividades na área de biotecnologia – afirmou Kurt Bock, CEO e membro da Junta Diretiva da Basf.
Porque o futuro está na semente, avalia Carlos Cogo, consultor em agronegócios:
– O mundo da tecnologia está sendo transferido para dentro da semente. Por isso, o mercado global chama tanto atenção, e as empresas querem participar.