Não é de hoje que a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) alerta que esse será um ano de safra cheia e bolso vazio para o produtor. Estudo apresentado nesta quinta-feira confirma este cenário. Na área de grãos (soja, milho, arroz e trigo), foram feitos levantamentos em Carazinho, Tupanciretã, Cruz Alta, Uruguaiana e Camaquã. Em pecuária, os dados referem-se a Santa Maria, Bagé, Lavras do Sul e Alegrete. Em Camaquã, por exemplo, a queda na rentabilidade da soja é de 55%. Os resultados refletem, segundo Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, preços reduzidos e custos em alta:
– Os gastos com a produção ainda são de 2016, quando o câmbio estava mais alto. Para a economia, o volume maior da safra é excelente, mas a rentabilidade do produtor é outra coisa.
Um exemplo prático vem de Carazinho (veja abaixo). O aumento da receita foi de 1% na comparação entre a safra deste ano e a de 2016. No mesmo período, o aumento de produtividade, no entanto, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de 13,1%.
Ou seja, o aumento expressivo da colheita não foi suficiente para neutralizar a redução verificada nos preços das commodities.
– É preciso avaliar a venda, diminuir custos. É imperioso que o produtor trabalhe para a meta da propriedade, sem pensar nas do governo ou de vendedores – orienta Luz.