Com cada vez menos recursos, os pesquisadores brasileiros são desafiados a manter viva a produção científica no país. O dinheiro da União destinado à pesquisa vem caindo desde 2013, mas do ano passado para cá o corte reduziu o orçamento quase pela metade: de R$ 15,6 bilhões para R$ 8,7 bilhões – queda de 44%. A diminuição drástica de verbas para todas as áreas foi criticada durante o 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), que ocorre até esta quarta-feira (2), em Santa Maria.
– Os cortes de recursos financeiros aplicados à pesquisa são extremamente preocupantes, pois terão repercussão futura no desenvolvimento do país – lamenta Paulo Renato Schneider, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A reclamação é que falta dinheiro para coisas básicas, desde equipamentos estragados ou com necessidade de manutenção a cortes em diárias para idas a campo.
– Toda pesquisa tem um prazo. E o que deixa de ser feito nesse ano é perdido – ressalta Eliseu Alves, pesquisador da Embrapa, empresa pública que também sofreu com a redução de verbas nos últimos anos.
Diante da crise orçamentária, Alves diz que os pesquisadores trabalham para reduzir o risco de prejudicar os projetos em andamento:
– Estamos tentando salvar a pesquisa agrobrasileira – afirma.
O corte de recursos atinge em cheio também a internacionalização da pós-graduação, com a drástica redução de bolsas para professores e alunos estudarem em universidades no Exterior.
– Não se faz internacionalização se não tiver dinheiro. E tão importante quanto é a autonomia das universidades em aplicar seus recursos – avalia Marcellus Caldas, pró-reitor assistente de colaboração internacional da Kansas State University, nos Estados Unidos.
Também com cortes no orçamento para pesquisa nos últimos anos, porém com realidade bem diferente da brasileira, os Estados Unidos vem compensando a redução com formas alternativas de financiamento.
– As universidades americanas recebem muita doação de ex-alunos, que investem no ensino como uma forma de devolver a formação recebida – conta Caldas.
O fato é que um orçamento incerto para pesquisa é prejudicial para qualquer ambição de desenvolvimento de um país – principalmente quando se está em crise.
*Interina