A China chega ao final de 2024 mantendo o status de maior comprador do agronegócio brasileiro, mas o recuo de 15,3% na receita gerada pelo principal produto vendido, a soja em grão, deixa um recado importante. É o de que a diversificação tem e terá um papel cada vez mais crucial para a balança comercial do setor. O tema foi um dos destaques no balanço anual da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nesta quarta-feira (11).
— Já há alguns anos a China vem colocando a (meta da) redução das importações, é uma sinalização. A dependência continuará, mas buscam a autossuficiência em alguns grãos. No caso do Brasil, caminhar para a diversificação é uma lógica de mercado — ponderou Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.
O ritmo de crescimento da economia do gigante asiático também desacelerou. Para 2024, deve ficar abaixo abaixo da meta de 5%. Longe de ser ruim, apenas fica distante dos já registrados dois dígitos. E traz impacto sobre a demanda.
E por diversificação, a CNA entende tanto novos produtos à mesa do chineses como novos destinos. Sueme lembrou que a redução nos embarques da soja em grão foi maior em receita do que em volume — a commodity teve um recuo nas cotações. Ainda assim, variar a pauta é um importante dever de casa, até porque o processo de abertura é longo, e os efeitos, de médio e longo prazo.
— É pouco provável que o Brasil, ou qualquer outro mercado, consiga concretizar mudanças drásticas na cadeias de comércio, o que não significa que a diversificação da pauta, tanto do ponto de vista de produtos quanto de destinos, não seja importante — reforçou, à coluna, Sueme.
Um dos produtos que vem caindo no gosto dos chineses é o café: nos últimos anos, a importação do Brasil cresceu mais de 200%, conforme a CNA. Recentemente, abriram o mercado para o sorgo, o gergelim, a uva.
Outro terreno fértil a ser explorado é o da comercialização de frutas. Atualmente, menos de 3% da produção é exportada. Para avançar nesses itens, no entanto, é preciso apostar em uma solução para driblar o desafio da logística do embarque, dada a distância e a perecibilidade.