A 13ª etapa da Operação Leite Compen$ado, deflagrada nesta quarta-feira (11) pelo Ministério Público Estadual, tem inúmeros méritos. Um deles é o de reforçar o constante monitoramento dos produtos que chegam à mesa do consumidor. Muitas etapas e anos depois da primeira ação, também é preciso lembrar que precisamos separar o joio do trigo, ou melhor, o leite adulterado do alimento de qualidade produzido pelo setor. Ou seja: não se pode generalizar, sob pena de comprometer o trabalho sério desenvolvido em uma atividade presente em 466 dos 497 municípios gaúchos.
O cenário hoje é diferente do registrado há 11 anos, quando o MP deu início às ações com foco no setor. De lá para cá, as regras foram reforçadas, com mudanças importantes tendo como principal objetivo fortalecer a proteção.
— Se verificou (no início) que havia pontos frágeis, em que uma pessoa com má índole poderia burlar o processo. Hoje ficou muito mais difícil. O caso de agora é isolado — pontua Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados do RS (Sindilat).
Presidente do Sindilat, Guilherme Portella acrescentou:
— É um caso isolado e que representa uma fatia inexpressiva do leite produzido no Rio Grande do Sul. O RS produz 4,3 bilhões de litros ao ano.
A entidade emitiu nota em que reforça que "o leite gaúcho hoje é o mais fiscalizado do Brasil, com procedimentos regrados por legislações federal e estadual em diferentes instâncias e órgãos de controle". Afirma ainda que "qualquer ação adotada no intuito de burlar o sistema posto é rechaçada em coro" e "deve ser punida".
Também por meio de nota, a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) e a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) reforçaram que "trata-se de ações isoladas e criminosas, que fogem completamente à regra". E que os responsáveis devem ser punidos.
— O crime deles é muito maior, porque nos lesa, ao macular nosso produto — pondera Marcos Tang, produtor de leite e presidente das duas entidades.
O dirigente complementa que "o produtor está trabalhando e investiu muito em qualidade e sanidade", pontos dos quais não abrem mão, até por serem os "primeiros consumidores do produto":
— Tenho a total confiança nos lácteos gaúchos.
É o que diz também a Comissão de Leite e Derivados da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). "O fato acaba por afetar a imagem de uma cadeia que vem trabalhando constantemente no aperfeiçoamento e qualificação da produção do campo até as gôndolas dos supermercados", escreveu a entidade em nota.