O reajuste de PIS/Cofins anunciado pelo governo federal cobrará seu preço na próxima safra de grãos do país. Levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) mostra que, no Brasil, o impacto será de R$ 1,36 bilhão.
O cálculo é feito com base no custo de produção, considerando quanto é consumido de combustível (o que tem maior peso é o diesel) em cada processo e em cada cultura. Dos R$ 10 bilhões que o governo quer arrecadar, 14% virão diretamente da área plantada.
– É um aumento elevado e inoportuno. Porque os preços recebidos pelo produtor tiveram deflação de 24,1%. Estamos falando na pior queda da série histórica, e aí vem mais uma oneração em termos de custo – observa o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz.
Ao avaliar o impacto por hectare, a lavoura de arroz aparece como a mais afetada, porque é a que mais consome diesel – que ficará R$ 0,21 mais caro o litro. Esse gasto extra não vem em boa hora, lamenta Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz):
– Para uma lavoura que está em crise, vendendo a preços ainda abaixo do custo de produção, qualquer real aumenta ainda mais o prejuízo.
Atualmente, a saca do cereal é vendida a R$ 40,35 (segundo dados do Cepea/Esalq de 20/7), enquanto o custo é de R$ 44. O dirigente da Federarroz acrescenta que, além dos combustíveis, houve aumento da bandeira tarifária da energia elétrica. O peso desse item é grande para as lavouras de arroz, quase 100% irrigadas no Rio Grande do Sul, que respondeu neste ano por 71% da produção nacional. Esse cenário está fazendo entidades recomendarem redução da área em 300 mil hectares no Mercosul, sendo 250 mil hectares só no Brasil.
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– Estamos ajustando a lavoura à demanda – pondera Dornelles.
Luz afirma que o efeito pode parecer pouco, mas "é preciso multipilicar pelos número de hectares de cada propriedade".
– Em uma lavoura a partir de 700 hectares, isso representará o custo de um funcionário – estima o economista.
*A colunista estará de férias a partir de 24/7