Na próxima semana, os médicos veterinários e zootecnistas do Estado irão às urnas escolher a nova diretoria do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS) – há 15 mil registros e 11 mil profissionais ativos. A disputa acirrou os ânimos e provocou um racha na entidade, colocando em lados opostos as candidaturas de situação e oposição. A chapa de oposição teve a inscrição garantida após recorrer ao Conselho Federal de Medicina Veterinária. A coluna ouviu os dois candidatos. Leia abaixo.
José Arthur Martins
José Arthur Martins, 64 anos, é médico veterinário. É candidato da chapa 1, da situação. É vice-presidente da atual gestão do conselho – no momento, está licenciado do cargo.
Por que a eleição está sendo tão disputada?
A chapa contrária à nossa fez a inscrição, que teve erros e foi anulada. Eles recorreram à plenária do Conselho Federal. Conseguiram reverter e a partir daí a coisa desandou. A gente vem tentando manter o nível, não entrando nessa discussão, em bate-boca. Se tornou estressante até porque sabemos que somos situação, fizemos um bom trabalho e queremos continuar mostrando um bom trabalho. A campanha deles me parece meio raivosa, estou até surpreendido. Não esperava que os ânimos chegassem a esse ponto.
Como pode contribuir para a categoria?
Há mais de duas gestões trabalho na diretoria e acompanhei a evolução no processo administrativo da gestão. O atual presidente, por vir da iniciativa privada, trouxe conceitos interessantíssimos e que podem ser aplicados em uma autarquia federal. Pretendo continuar com esse método. Do conselho para fora, vamos seguir buscando o protagonismo. O conselho virou fonte. Quero mostrar alternativas de mercado, novas tecnologias e possíveis nichos.
Como vê o papel do médico veterinário nesse cenário de fraudes na indústria?
Essa é a função do veterinário, seja como responsável técnico ou como serviço oficial, de detectar, diagnosticar e comunicar essas possíveis fraudes, essas falhas. Nesse aspecto, o conselho vem sendo e continuará muito rígido. Para o mau médico veterinário, que é conivente com esse tipo de falha, a punição tem de ser exemplar. Em função da operação Leite Compen$ado, tivemos um colega cassado. Essa gestão tem sido bastante rigorosa.
Air Fagundes
Air Fagundes, 75 anos, é médico veterinário e professor aposentado da UFSM. Foi presidente em dois mandatos do conselho (de 2005 a 2011). É candidato da chapa 2, de oposição.
Por que a eleição está sendo tão disputada?
As duas eleições anteriores foram de chapa única. Acho que essa é a maior explicação. A chapa 1 está dando continuidade às duas gestões do Rodrigo (Lorenzoni, atual presidente). Grande parte da chapa 1 esteve comigo até 2011. O José Arthur fecha 12 anos na diretoria do conselho. Se eleito, vai para 15 anos. Quando aparece chapa de oposição, sempre desperta uma disputa. Isso é muito bom, é um exercício de democracia. O que eu questiono, talvez seja também motivo de disputa, é que haja mudança.
Como pode contribuir para a categoria?
Dediquei 30 anos da minha vida profissional como professor, pesquisador e estou há quase 50 anos fazendo política profissional. Acumulo, ao longo dos anos, a presidência de várias entidades. Sou presidente do Instituto Brasileiro de Medicina Veterinária. Me considero com bastante vivência. A contribuição que posso dar é uma formação de novas lideranças também. Eu me preocupo com a massificação do ensino de Medicina Veterinária.
Como vê o papel do médico veterinário nesse cenário de fraudes na indústria?
Sempre disse que nosso serviço de inspeção de produtos de origem animal e fiscalização são muito bons. Esse foi um acontecimento pontual e que veio à tona, causando grande prejuízo para toda essa conquista que o país teve na exportação de carnes. Vejo como muito negativo. Mas acho que a gente vai recuperar esse terreno perdido. Foram poucos fiscais federais envolvidos, em um universo de mais de 4 mil. Não significa problema em todos estabelecimentos.