Na tentativa de dar uma nova identidade ao trigo gaúcho, seguindo o modelo adotado pelos principais produtores mundiais, a Câmara Setorial do Trigo lançou nota técnica para segregação do produto na armazenagem. O documento, apresentado nesta quinta-feira em Passo Fundo, divide 32 cultivares plantadas no Rio Grande do Sul em cinco grandes grupos: três para pão, um doméstico (farinha) e outro para biscoito.
– A intenção da segregação é de melhorar a qualidade do trigo produzido pelo Estado, com aumento de liquidez e de preço na hora da venda – explica Altair Hommerding, coordenador da Camara Setorial do Trigo.
Hoje, grande parte do produto colhido no Rio Grande do Sul é misturado em silos de cerealistas e cooperativas. A ausência da segregação impede, por exemplo, a formação de lotes homogêneos conforme a classificação de cada grão.
– Muito trigo com qualidade acaba se perdendo por estar misturado no mesmo silo. Isso acaba prejudicando a identidade do nosso produto – acrescenta Hommerding, estimando uma segregação de até 50% já na próxima safra gaúcha.
O procedimento de separação, conforme características semelhantes de cultivares, é adotado pelos principais produtores mundiais – como os Estados Unidos e a Argentina. No Brasil, o Paraná é pioneiro na medida.
– O produtor, as cerealistas e as cooperativas devem entender que essa segregação representa um diferencial.
É um passo importante para se aproximar dos principais mercados produtores – avalia Lorenzo Viecilli, gerente comercial da Biotrigo Genética.
Para o processo avançar no Rio Grande do Sul, porém, não será necessária apenas disposição, mas investimentos em infraestrutura, já que a separação do cereal requer silos específicos para cada grupo.
– Algumas cooperativas têm condição de fazer isso, outras não – reconhece o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires, ponderando que a entidade é favorável à segregação como forma de valorizar o produto gaúcho.