A exemplo do que fez o Ministério da Agricultura, a pasta do Desenvolvimento Agrário (MDA) também antecipará o anúncio do Plano Safra para o ciclo 2016/2017. Será na próxima terça-feira, um dia antes do lançamento do pacote voltado à agricultura empresarial.
Entidades ligadas ao pequeno produtor sabem bem o que querem do governo. Ampliação do volume de crédito disponibilizado – tanto a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) quanto a Federação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) sugeriram cerca de R$ 30 bilhões – e manutenção do juro estão na lista de prioridades.
No caso de financiamentos voltados à produção de alimentos, a solicitação é para que haja, inclusive, uma redução nas taxas. Recursos para a assistência técnica também estão na lista de desejos apresentada ao longo das negociações feitas entre o MDA e as entidades.
No ano passado, quando completou 20 anos, o Plano Safra familiar somou R$ 28,9 bilhões em crédito, quantia 20% superior à 2014. Apesar de se manter em patamares negativos, o juro ficou maior – chegou a 5,5% em linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Há risco de frustração. O contexto político e econômico agora é completamente diferente. Há um aperto nos gastos do governo federal, e a continuidade da atual gestão – e a própria manutenção do ministério – está ameaçada pelo protesto de impeachment.
Se a escolha fosse entre obter mais dinheiro para o segmento ou manter a taxa de juro, Alberto Broch, presidente da Contag, sabe qual seria a opção:
– Para nós, neste momento, o pior seria estourar o juro.
Cleonice Back, coordenadora da Fetraf-Sul, diz que houve receptividade por parte do MDA às sugestões feitas:
– A gente sempre conseguiu pautar o governo, pela importância da agricultura familiar para o desenvolvimento do país.
O segmento também tem se mantido como uma das grandes bases de apoio à presidente Dilma Rousseff. Resta saber como todos esses ingredientes serão combinados em um plano só.