É evidente o interesse da gigante chinesa BYD em ter uma operação no Rio Grande do Sul, seja para fabricar veículos elétricos ou autopeças, painéis solares ou mesmo chips. Como a coluna noticiou, o governador Eduardo Leite esteve na semana passada com a direção da montadora em São Paulo, dias depois de a empresa ter recebido uma comitiva de Igrejinha. Confira a entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, do vice-presidente da BYD no Brasil, Alexandre Baldy.
Quais as chances de investir no Rio Grande do Sul?
A BYD investe em uma fábrica para carros de passeio na Bahia (onde ficava a Ford), mas há outros investimentos dialogados, como uma planta para ônibus e caminhões elétricos ou híbridos no Brasil. A eletrificação de frota para o transporte de passageiros terrestres será uma mudança muito forte que ocorrerá até 2030. A BYD também é a maior fabricante de painéis solares no Brasil. Ela viabilizará a unidade de bateria para que possamos armazenar eletricidade, porque não há produção à noite. Seria uma outra oportunidade que virá para o Brasil no curto prazo.
Municípios querem jogar seus "charmes", quais são mais importantes para a montadora?
A proximidade de um potencial cliente, que é a Marcopolo, montadora de carrocerias já com parceria com a BYD. A mão de obra também é muito importante para que haja um processo de fabricação mais competitivo. O Brasil se coloca no mundo como um atrativo, mas compete com todo mundo. Então, produto que é fabricado na China compete com o brasileiro.
Como a BYD vê as críticas à poluição gerada na produção e destinação das baterias?
São muitos mitos. A tecnologia para a fabricação de baterias mudou muito e muito rapidamente, especialmente nos últimos quatro anos. A BYD é a segunda maior fabricante de baterias do mundo, 22% dos smartphones usados no planeta têm bateria fabricada pela BYD. Hoje, uma bateria tem fosfato de ferro-lítio, uma tecnologia que têm minerais com abundância no Brasil e na América do Sul e, por isso, há essa grande capacidade de protagonismo na transição energética para a fabricação local. Esses componentes já são mais de 99,4% reutilizáveis, até mesmo pelo custo de aquisição no processo produtivo. Portanto, aqueles que estão preocupados com a vida útil do carro elétrico ou híbrido com a bateria BYD, ela tem em torno de 30 anos de duração e damos oito anos de garantia.
Com a fabricação no Brasil, há meta de preço? Carro elétrico ainda é caro.
Lançamos o Dolphin Mini por R$ 115,8 mil. Na semana passada, começamos a venda do Dolphin Mini para PCD (pessoa com deficiência) por R$ 99,8 mil. Hoje, pagamos o imposto de importação, que onera o valor do carro, seja elétrico ou híbrido, para o brasileiro. Nosso desejo e objetivo é começar a fabricação no Brasil em meados de 2025 para que possamos ser mais competitivos e dar maior acessibilidade. No maior mercado global de automóveis, que é a China, o carro compacto tem sido quase 90% das vendas de 0 km. O preço de um 100% elétrico hatch compacto é quase o de um carro a combustão.
Colaborou Kyane Sutelo
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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