Por incrível que pareça, considerando o tamanho do estrago que a enchente fez no patrimônio dos gaúchos, a coluna tem recebido menos reclamações sobre indenização de seguros agora do que na cheia do Vale do Taquari em 2023. Ao que tudo indica, há sensibilização das seguradoras para facilitar o pagamento aos clientes, que já enfrentam tantas mazelas da tragédia. O dinheiro da perda total de carros, por exemplo, está garantindo a venda do mês das redes de concessionárias.
Diretor do Sindicato das Seguradoras do Rio Grande do Sul (Sindseg RS), Cleverson Veroneze esclarece que veículos não precisam ter cláusula específica de alagamento para terem direito à indenização. Já residências e empresas precisam. Muitas, porém, não tinham a previsão para este sinistro. Veroneze sugere até uma revisão do contrato para prever alagamentos futuros, o que, porém, eleva o preço.
Professor da Escola Nacional de Seguros, Jorge Kath pondera que muitas seguradoras não oferecem cobertura de alagamento para ninguém ou bloqueiam CEPs de áreas de risco. Quando cobrem, o custo sobe. Kath cita um cliente que a cláusula quadruplicou o seguro para sua residência em Eldorado do Sul, a cidade mais atingida da Região Metropolitana.
Risco de quebra
Com o valor altíssimo de indenizações pleiteadas, surge a dúvida se há risco de as seguradoras quebrarem. O diretor Cleverson Veroneze rechaça esta possibilidade, dizendo que elas têm reserva técnica e que o setor é supervisionado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), uma autarquia federal.
Seguros funcionam de forma colaborativa. A gente não paga o pato sozinho.
CLEVERSON VERONEZE
DIRETOR DO SINDSEG RS
Alta generalizada
Os preços de alguns seguros já subiram, conforme relatos à coluna. Veroneze, porém, diz que não será disseminado para todos os gaúchos, pois o valor é diluido por todos os brasileiros. O seguro nada mais é do que a divisão da conta de um risco que todos têm. Quando um cliente tem problema, o custo para resolvê-lo é bancado pelo pagamento feito pelos demais segurados. Outro movimento é mais pessoas optarem por ter seguro, elevando o faturamento das seguradoras para cobrir mais sinistros e evitando reajuste forte no seguro individualmente.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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